Foi a 6 de Julho de 1960 que tudo começou na história das fases finais do Europeu de futebol. Em França, disputada entre o referido dia e 10 de Julho do mesmo ano, uma espécie de Final Four decidiu o primeiro campeão europeu: a União Soviética (URSS).

O Parque dos Príncipes, em Paris, recebeu a primeira meia-final de sempre. Não era uma estreia nas estreias por parte do mítico estádio, visto que, apenas quatro anos antes, foi palco da primeira final dos primórdios da Liga dos Campeões. Nesse jogo o Real Madrid (quem mais poderia ser?) conquistou o troféu, por 4-3, frente ao Stade de Reims.

Mas voltando ao Europeu. 

E se o futebol vive de golos, que dizer desse França-Jugoslávia que abriu a competição. A equipa da casa chegou a ter uma vantagem de dois golos, mas não foi capaz de a manter e os jugoslavos acabaram por se qualificar para a final, com um resultado de 5-4.

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Mais tarde nessa noite de 6 de Julho de 1960 jogou-se o URSS-Checoslováquia, no Vélodrome, em Marselha. A União Soviética venceu o jogo por claros 3-0. E sim, o lendário Yashin era o guarda-redes dessa equipa.

A cidade de Marselha recebeu dias mais tarde o jogo de apuramento do 3.º e 4.º lugar. Mais uma vez, os franceses não foram capazes de vencer frente ao seu público e o bronze sorriu à Checoslováquia, depois de um 2-0.

Resta então a grande final. Segundo a UEFA, estavam cerca de 18 mil pessoas no Parc des Princes. Segundo o site do organismo, a Jugoslávia até abriu o marcador em cima do intervalo, por intermédio de Milan Galic, com os soviéticos, campeões olímpicos em 1956, a empatarem no início da segunda parte, por intermédio de Slava Metreveli.

Depois, “foram precisas várias boas defesas de Lev Yashin para manter a URSS no jogo“, lê-se no resumo da UEFA. O encontro seguiu então para prolongamento e quando via já uma repetição da final, o avançado soviético Ponedelnik, de 23 anos, marcou o golo que deu o troféu ao seu país.

“Ninguém esquecerá esses momentos de glória. Quanto a mim, o golo da vitória ao minuto 113 foi o mais importante da minha carreira. Foi o momento de estrela na minha vida”, disse Ponedelnik anos depois.

Uma curiosidade é que o nome Ponedelnik significa “segunda-feira” em russo. Assim, com o jogo a começar às 22h00 de Moscovo, num domingo, acabou apenas depois da meia-noite. Segundo o craque: “o meu apelido foi o sonho para quem escreve títulos de notícias”.

O avançado contou ainda, que os jogadores receção na Torre Eiffel, conheceu o então presidente do Real Madrid cujo nome não é fácil de esquecer: Santiago Bernabéu. “Ele estava pronto para comprar metade da nossa equipa sem hesitações. Evitámos essa conversa”, remata o herói soviético.

E Portugal? Bem, o golo de Cavém não chegou…

As quatro equipas que chegaram à fase final não foram convidadas, nem escolhidas a dedo. Aconteceu efetivamente uma fase de qualificação e na qual Portugal participou. Foram 17 equipas a darem-se à hipótese de conquistar o primeiro Europeu, sendo que Inglaterra, Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte, Itália, Holanda e RFA rejeitaram a participação.

Já no final da qualificação, destaque para o facto de a URSS se ter apurado sem jogar, visto que a Espanha, com Franco no comando, não disputou as partidas por motivos políticos.

Quanto a Portugal, começou a caminhada com duas vitórias frente à RDA, por 2-0 em território germânico e 3-2 em solo lusitano. Depois, seguiu-se a Jugoslávia que, como referido, chegou à final da competição.

E Portugal até começou bem a eliminatória, vencendo os jugoslavos por 2-1, no Estádio Nacional, com golos de Santana e Matateu. No entanto, a viagem até Belgrado deixou de ser positiva a partir da meia hora de jogo. A equipa da casa adiantou-se cedo na partida e Cavém marcou para os portugueses perto dos 30 minutos. Depois, no entanto, quatro golos da Jugoslávia eliminaram a seleção nacional, com um claro 5-1 no final.