A diretora-geral do Banco Mundial, Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou este sábado, numa conferência à margem da cimeira do G7, que a distribuição desigual de vacinas vai ter impacto na recuperação económica mundial, em especial em África e na América Latina.
“As projeções para a recuperação económica mundial mostram um caminho divergente entre uma recuperação a dois níveis, ou uma recuperação em forma de K [queda rápida com uma subsequente recuperação diferenciada], com o mundo desenvolvido e alguns mercados emergentes muito bem no que diz respeito à recuperação, e alguns do mundo em desenvolvimento e dos países de baixo rendimento a ficarem para trás”, adiantou.
Estas tendências são repetidas ao nível do comércio, continuou a economista nigeriana, para o qual o Banco Mundial projeta um crescimento de 8% este ano e 4% em 2022, com a Ásia e a América do Norte a recuperarem mais rapidamente e a América Latina e África a ficarem para trás.
“Acreditamos que essa desigualdade da vacina seja em parte responsável pelos diferentes níveis de recuperação que vemos no comércio e na economia mundial”, afirmou.
Espera-se que desta cimeira saiam compromissos para a doação de pelo menos mil milhões de vacinas a países desfavorecidos, das quais os EUA avançaram com 500 milhões e o Reino Unido 100 milhões até 2022.
Okonjo-Iweala saudou as promessas, mas disse ser necessário mais, invocando um artigo que escreveu em conjunto com outras organizações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre a necessidade de cerca de 50 mil milhões de dólares (41,3 mil milhões de euros) para impulsionar a produção e distribuição de vacinas.
“Se tivéssemos esses recursos para ajudar na implantação da vacina, poderíamos vacinar 40% da população mundial este ano e até 60% no próximo ano e poderíamos impulsionar a recuperação global”, garantiu.
Defendeu também o fim de restrições às exportações ligadas à pandemia covid-19, que estão também a afetar as complexas cadeias de abastecimento, dando o exemplo da vacina da Pfizer, que tem 180 componentes fabricados em 86 locais em 19 países diferentes.
Se este plano fosse aplicado, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial poderia ganhar cerca de nove biliões de dólares (7,4 biliões de euros) até 2025, dos quais 40% para países desenvolvidos e o resto para mercados emergentes e em desenvolvimento.
Dirigentes dos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e da União Europeia estão este sábado reunidos em Carbis Bay, na Cornualha, sudoeste de Inglaterra, onde se vão juntar também o Secretário-geral da ONU, António Guterres, e os líderes da Austrália, África do Sul, Coreia do Sul e Índia, este último por videoconferência.
A Cimeira tem sessões dedicadas à economia, política externa e saúde, concluindo no domingo com discussões sobre o ambiente, estando o comunicado final e conferências de imprensa previstas para o início da tarde de domingo.