Por norma, sobretudo nas fases finais de Europeus organizados por um ou dois países, a escolha do local para ficar em estágio pode ser mais do que uma opção – e transforma-se numa “luta”. Não foi isso que aconteceu em 2012, quando Polónia e Ucrânia organizaram o certame e havia por isso maior variedade de escolha, foi isso que aconteceu em 2016, sendo que o Centro de Estágio da Federação Francesa de Râguebi, onde Portugal ficou do início ao fim da competição, já tinha sido visitado e referenciado por outras seleções. Nesta edição, até por todo o contexto de pandemia que o mundo ainda atravessa, tudo foi diferente. E a organização em nada ajuda.

Quando tudo apontava que a Turquia poderia receber a sua primeira grande competição de futebol (que vai continuar a tentar nos próximos anos), a ideia de Michel Platini em espalhar a organização por vários países que em condições normais nunca poderiam receber uma fase final, por forma a celebrar o 60.º aniversário da edição inicial da competição, acabou mesmo por vingar. Com isso, e mediante as propostas apresentadas e aceites, o certame teria só na sua fase de grupos passagens por sítios tão distantes como de Espanha (Sevilha em vez de Bilbau, que era a solução inicial) ao Azerbaijão (Baku), passando por Escócia (Glasgow), Roménia (Bucareste) ou Rússia (São Petersburgo). Mais do que nunca, a questão logística tornava-se uma prioridade.

No caso dos Países Baixos, por exemplo, tornou-se uma não questão: com a equipa a estagiar em Zeist, o local de onde saíram os grandes treinadores da Laranja Mecânica, e os três jogos na Arena de Amesterdão, o conjunto de Frank de Boer fará um total de apenas 240 quilómetros durante a fase de grupos. No entanto, esta é mesmo uma exceção e só a Suíça, do avançado Haris Seferovic, terá pela frente quase 12.500 quilómetros.

Ao todo, de acordo com as contas do El Confidencial que calculou as distâncias existentes entre os centros de estágio das 24 seleções e os 11 estádios da competição, serão feitos 115 mil quilómetros só na fase de grupos.

Portugal, que se encontra desde quinta-feira na ilha Margarida entre Buda e Peste, na Hungria, surge em plano de destaque entre as equipas que não recebem qualquer encontro neste Europeu, sendo mesmo a seleção que menos quilómetros terá de fazer para os três jogos do grupo F: defronta a Hungria e a França em Budapeste, tem de fazer 1.120 quilómetros, contando ida e volta, para a segunda partida com a Alemanha em Munique. Com isso, é a Federação que menos viagens terá pela frente até 23 de junho entre as não organizadoras, viajando até menos do que Escócia, que tem jogos em Glasgow (1.660 km), Espanha, que recebe encontros em Sevilha (2.340 km), e Rússia, que joga em São Petersburgo mas está a estagiar em Moscovo (5.640 km).

Além da supracitada Suíça, Suécia, Polónia (ambos do grupo E, em São Petersburgo e Sevilha), Croácia (grupo C, em Amesterdão e Bucareste) e Bélgica (grupo B, em São Petersburgo e Copenhaga) são as quatro seleções que terão pela frente mais de 9.000 quilómetros entre os três encontros a contar para a fase de grupos. No polo oposto, em além dos Países Baixos, a Dinamarca também fará apenas 240 quilómetros, seguindo-se a Alemanha (990 km), Inglaterra (1.050 km), Portugal (1.120 km) e Hungria, primeiro adversário da Seleção (1.170).

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