O coordenador regional na Madeira da CDU, Edgar Silva, que começou a sua atividade política quando ainda era padre e depois se secularizou, fazendo da luta partidária a sua missão, é o principal candidato daquela coligação à Câmara do Funchal.

Edgar de Freitas Gomes da Silva nasceu em 25 de setembro de 1962, no Funchal, é licenciado em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa e foi professor nesta instituição, na Madeira, entre 1987 e 1992.

Começou a dar nas vistas na vida política regional quando ajudou a fundar o Movimento de Apoio à Criança (MAC) e da Escola Aberta (1990-1993), tendo ficado conhecido como o impulsionador deste projeto destinado a ajudar as ‘crianças das caixinhas’ de Câmara de Lobos, numa espécie de grito de alerta para as condições dramáticas destes menores, alguns vítimas de pedofilia que chegaram a ser denunciadas.

Nas regionais de 1996, ainda como independente, foi pela primeira vez eleito deputado da Assembleia da Madeira. Filiou-se depois no PCP e conseguiu garantir a representação no parlamento regional nas eleições de 2000, 2004, 2007, 2011, 2015 e 2019.

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Em 1997, foi o cabeça de lista da coligação PCP-PEV à Câmara do Funchal, chegou a ser deputado municipal e deixou de exercer o ministério sacerdotal.

A sua experiência política levou ainda o partido a escolhê-lo para ser o candidato às presidenciais de 2016, tendo ficado em quinto lugar, com 183.009 votos (3,95%) na corrida a Belém que elegeu Marcelo Rebelo de Sousa (2.441.925 votos), com 52%.

“Instrangeiros na Madeira”, “Madeira, tempo perdido”, “Os bichos da Corte do Ogre” e “Pontes de Mudança, sociedades sustentáveis e solidárias” são algumas das obras que tem publicadas e que versam questões de desenvolvimento humano e social.

A CDU elegeu pela primeira vez um vereador para a Câmara do Funchal nas autárquicas de 2005 – o advogado Artur Andrade, que representou a coligação durante 12 anos, perdendo o lugar na vereação nas eleições de 2017.

Edgar Silva é responsável pela organização do PCP na Região Autónoma da Madeira e coordenador da CDU neste arquipélago, e aposta, com a sua candidatura, no regresso desta força política ao executivo do principal município do arquipélago.

“Somos também a solução para os problemas da cidade e das populações”, argumentou o candidato, sublinhando que “a CDU é portadora de competências para uma nova política, para uma alternativa” no Funchal.

Combater as “desigualdades sociais e territoriais” que criam “grandes abismos” no concelho, os problemas da orla costeira provocados pela ‘turistificação’ do litoral e a “expropriação das pessoas do centro da cidade” para beneficiar a especulação imobiliária são algumas das suas prioridades.

O candidato também preconiza a necessidade de uma “inversão orçamental e defende que “uma parte de leão do orçamento municipal” deve ser afeto à resolução das desigualdades sociais, e não para as zonas nobres da cidade e de interesses turísticos.

O seu objetivo nestas eleições é conseguir “mais votos e mais eleitos” para a CDU, argumentando ser preciso convencer as pessoas de que a alternância entre o PSD e o PSD que tem ocorrido não passa de “um alternar para fazer com que a cidade vá herdando os mesmo problemas ou agravando-os”.

O executivo municipal, composto por 11 elementos e presidido por Miguel Silva Gouveia, é liderado pela coligação “Mudança” (PS, BE, PDR, Nós, Cidadãos!), que tem seis vereadores, enquanto o PSD tem quatro elementos e o CDS-PP um.

As eleições autárquicas ainda não têm data marcada, mas por lei realizam-se em setembro ou outubro.