O enfermeiro Bruno Berenguer encabeça a lista que protagoniza a estreia de uma candidatura própria do Juntos Pelo Povo (JPP) à maior câmara municipal da Madeira, ambicionando fazer parte do executivo do Funchal.

Nascido em 18 de dezembro de 1978 e amante dos desportos da natureza, o profissional da saúde, que exerce funções no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, e já foi militante do PAN — Pessoas-Animais-Natureza, considera que “um bom resultado seria eleger pelo menos uma pessoa” para o executivo municipal nas eleições autárquicas deste ano.

Em 2017, o JPP integrou a coligação “Confiança” – composta por PS, BE, PDR e Nós, Cidadãos! e que governa a Câmara Municipal do Funchal -, mas acabou por abandonar o projeto.

Sobre a sua mudança de partido, Bruno Berenguer realçou, em declarações à Lusa, que o JPP é uma força partidária “mais terra a terra, mais próxima às pessoas”.

“Acima de tudo, o que me fez olhar mais para o JPP foi a ação de proximidade dos autarcas, em 2013, junto das pessoas”, disse, recordando que, aquando dos grandes incêndios ocorridos nesse ano, viu os elementos do partido “a arregaçar as mangas e a estarem, lado a lado, com as pessoas a combater o fogo, a ajudar a reconstruir”.

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Bruno Berenguer sublinha que foi “esse humanismo, a capacidade de estar presente estar ao lado”, que o cativou.

Para o candidato, um dos principais desafios do município do Funchal é “poupar recursos”. Por exemplo, indicou, é necessário “dar ênfase à importância da água, da reutilização, gestão e poupança” deste recurso, sendo “muito importante sensibilizar as pessoas” para o tema.

O candidato declarou que um dos seus objetivos é “tentar revolucionar um pouco o saneamento e trazer outras soluções”.

Outra área em que considera ser imprescindível intervir é o urbanismo, para “fazer entender às pessoas que existem razões para serem pagos impostos, haver condicionalismos e regras”.

Numa região com histórico de aluviões e transbordos de ribeiras, Bruno Berenguer deu como exemplo a situação da “impermeabilização dos terrenos nas casas, dos lotes das casas”, e mencionou que “a água quando cai acaba por ser canalizada para as levadas ou redes pluviais, que muitas vezes não dão conta do recado”.

Nestas ocasiões, alertou, “as estradas ficam transformadas em autênticos rios”, o que é uma “questão de segurança e proteção civil”.

“Para mim, a câmara, mais do que uma ação cultural, que também é importante, deve atender aos seus principais propósitos que é a distribuição e gestão da água, garantir que as pessoas a tenham em casa, o saneamento, a gestão do urbanismo”, resumiu.

O candidato disse que não deixa de dar importância ao património e à cultura, que devem ser “pouco elitistas”, mas entende que são áreas que vêm “depois de todo o resto”.

O enfermeiro disse estar “confiante numa ação diferenciadora, no chamar para cima de mesa destes temas”, e pretende “contribuir para solucionar problemas durante a campanha eleitoral”.

O executivo municipal do Funchal, composto por 11 elementos, é liderado pela coligação “Mudança”, que tem seis vereadores, enquanto o PSD tem quatro elementos e o CDS um.

O movimento Juntos pelo Povo nasceu no município de Santa Cruz, em 2009. Concorreu nesse ano às autárquicas e retirou então a maioria absoluta que o PSD sempre detivera no município, conquistando ainda com maioria absoluta a Junta de Freguesia de Gaula.

Em 2013, conseguiu ganhar as autárquicas no concelho com o apoio de vários partidos, além de cinco juntas, e em 2015 constituiu-se como partido, elegendo cinco deputados no parlamento madeirense. No âmbito das regionais de 2019, o JPP tem agora três deputados.

As eleições autárquicas deste ano ainda não têm data marcada, mas por lei devem realizar-se em setembro ou outubro.