Foi o jogo com menos golos da final, foi o jogo mais equilibrado em maiores períodos de jogo da final, foi o jogo com menor eficácia da final (ou maior percentagem de sucesso dos guarda-redes, visto de outra perspetiva), foi o jogo decidido por um lance no mínimo muito duvidoso e com análise ao milímetro num autogolo sancionado a Roncaglio depois de um remate de Erick ao poste que bateu nas costas do guarda-redes brasileiro. No entanto, esse jogo 3 da final, que acabou com o triunfo por 2-1 do Sporting frente ao Benfica, esteve muito longe de acabar no Pavilhão João Rocha e os “remates” a cada baliza do adversário continuaram em forma de comunicado.

“O Benfica lamenta que o jogo tenha sido decidido por um golo em que a bola, manifestamente, não entra toda na baliza, como ditam as regras. O Benfica foi mais uma vez prejudicado e exige respeito quer por parte da Federação Portuguesa de Futebol, quer por parte da arbitragem. A entrega de faixas de campeão não pode ficar refém de estados de alma de quem dirige a modalidade e tem por missão defender a verdade desportiva. O Benfica quer ainda realçar o carácter dos seus atletas que, mesmo perante as adversidades, foram enormes na defesa do seu emblema”, escreveram os encarnados pouco depois do final do encontro em Alvalade.

“O Sporting vem por este meio informar que a equipa campeã europeia de futsal quando ganha, ganha dentro de campo – aliás, como qualquer modalidade neste clube. Ganhar assim não é uma opção, é uma forma de estar e viver o Desporto, com valores que o clube se orgulha de honrar. Valores e postura que mantemos na vitória e na derrota, não tentando, cada vez que as coisas não correm como planeado, encontrar subterfúgios (…) O Benfica emitiu um comunicado que em nada honra a sua instituição, na defesa de uma argumentação que é desmentida pela realidade e por imagens. O golo que selou a segunda vitória do Sporting é válido. Emitir um comunicado sobre lances que de forma fácil se constata que nunca existiram é lamentável, e mesmo incompreensível, especialmente após os dois primeiros jogos da final dos playoffs, onde os critérios das arbitragens interferiram na dinâmica do jogo a seu favor”, responderam os verde e brancos no dia seguinte.

O jogo 4, que poderia permitir ao Sporting recuperar o título de campeão nacional que começara na posse do Benfica após a suspensão do último Campeonato, chegava ainda à luz da bola que se tornaria decisiva para o desenlace do jogo 3. No entanto, teve uma história completamente diferente, como seria difícil de prever. E o triunfo no Pavilhão da Luz por 6-2 carimbou não só a conquista do 16.º título (o dobro dos encarnados) como um feito histórico no futsal nacional, com os leões a serem a primeira equipa a conseguir juntar o campeonato nacional ao europeu, na sequência de nova vitória em 2021 na final da Liga dos Campeões com o Barcelona.

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O encontro começou menos intenso e disputado do que os primeiros na final, com o Benfica a fazer grande parte dos remates de meia distância e o Sporting a rematar menos mas de forma flagrante, como aconteceu num livre de Taynan que bateu em Nilson, na trave, no poste e não entrou (3′), e numa bola em que Tomás Paçó surgiu isolado para defesa de Roncaglio (6′). Entre esse equilíbrio que imperava seriam mesmo os visitados a inaugurar o marcador, naquela que foi a primeira grande jogada coletiva feita do início ao fim, com Jacaré a ganhar posição a Erick, Arthur a assistir e Chishkala a encostar isolado ao primeiro poste para o 1-0 (8′).

Depois, e em cerca de dois minutos, tudo mudou. E um par de erros sucessivos da defesa encarnada acabou por dar a oportunidade ao Sporting de passar de 0-1 para 3-1: Pauleta fez o empate após roubar uma bola a Fábio Cecílio quando era o jogador de campo (9′), Tomás Paçó marcou o 2-1 de cabeça sozinho na área depois de um lançamento longo para Zicky Té que recebeu sem marcação e assistiu para o companheiro de formação (10′); Pany Varela beneficiou de nova perda de bola na primeira fase de construção para aparecer sozinho apenas com Roncaglio pela frente e aumentar para 3-1 (10′), resultado com que se atingiria o intervalo na Luz.

No segundo tempo, e quando se esperava um Benfica revigorado e de linhas mais subidas para procurar uma recuperação como aquela que conseguira no jogo 2, os erros individuais e coletivos no seu meio-campo foram golpes demasiado pesados para chegar depois à recuperação: primeiro foi Roncaglio a sair mal da baliza, a deixar a bola para Taynan e a possibilitar que Alex Merlim marcasse o 4-1 (23′); depois foi Zicky Té que deixou a defesa encarnada às aranhas com um passe de calcanhar a isolar Erick para o 5-1 (27′). O Sporting tinha uma mão e meia no título, apesar de os encarnados terem apostado no guarda-redes avançado com Tiago Brito e reduzido por Henmi (31′), até Guitta marcar de uma baliza à outra e arrumar de vez a questão (35′).