O centro-esquerda chileno foi o grande vencedor da segunda volta das eleições regionais de domingo, conquistando a maioria dos cargos de governador, incluindo o de Santiago do Chile, quando estão contados 99,9% dos votos.

A coligação de partidos de centro-esquerda Unidade Constituinte (UC) conquistou o poder na capital, onde o candidato Claudio Orrego, um militante dos Democratas-Cristãos (DC), venceu com 52,7% dos votos. A coligação conquistou 10 das 16 regiões do país, oito das quais obtidas na segunda volta e duas na primeira.

Esta é a primeira vez na história que o Chile elege as suas autoridades intermédias, anteriormente nomeadas pelo governo, pelo que são consideradas eleições cruciais para a descentralização do país.

“Assumimos este triunfo com grande humildade e com um tremendo sentido de responsabilidade. Levantar a Região Metropolitana após a pandemia vai ser uma tarefa muito difícil”, disse Orrego, que venceu em Santiago do Chile Karina Oliva (47,27%), da Frente Ampla (FA), uma esquerda mais radical. Oliva, por seu lado, declarou que, apesar da derrota, o seu bloco “cresceu” e que “é importante” manter “a unidade, força e organização, mas sobretudo a convicção intacta” de que a região e o país “podem ser muito mais justos e democráticos”.

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A direita foi a grande perdedora, apenas conseguindo ganhar nas urnas na região da Araucanía, no centro do país, conhecida por ser uma área de conflito entre as autoridades e os povos indígenas. Luciano Rivas, um independente que concorreu na lista do bloco de direita dominante Chile Vamos, irá governar essa região. Apenas 2,5 milhões dos 13 milhões de eleitores votaram para eleger os governadores de 13 das 16 regiões do Chile.

A participação nestas eleições, que se realizaram em plena pandemia de Covid-19 e com toda a capital confinada, foi a mais baixa (19,6%) desde o regresso à democracia em 1990, muito abaixo do mínimo registado nas eleições municipais de 2016, quando apenas 34,9% exerceram o direito de voto.

Desde que a votação deixou de ser obrigatória em 2012, nenhuma eleição excedeu 50% de participação, à exceção da votação de outubro de 2020 (50,9%). Na primeira volta a afluência às urnas foi ligeiramente superior (43%). Os eleitos tomam posse a 14 de julho para um mandato de quatro anos.