Silas Katompa Mvumpa, avançado de 22 anos do Estugarda, foi suspenso de todas as competições por três meses e multado em 30 mil euros pela Federação Alemã de Futebol. E se este nome só é parcialmente familiar para quem seguiu a Bundesliga, onde o jogador fez uma excelente época e marcou 11 golos – num total de 13 mais seis assistências em toda a temporada –, é porque o atleta revelou recentemente que, tal como a sua idade, o apelido tinha sido alterado. Afinal, tem jogado na Europa com uma falsa identidade.

O atleta veio do Congo para a Europa em 2017, de modo a mostrar-se no Anderlecht da Bélgica. Segundo a AP, o clube até estava interessado em contratá-lo mas aconselhou-o a voltar a Kinshasa antes do visto para estar em território belga expirar. A ideia era pedir nova autorização e voltar a Bruxelas.

Foi então que, ainda com 19 anos, Silas conheceu um agente que lhe disse que caso voltasse a África nunca regressaria à Europa. A pessoa em questão tomou controlo da conta bancária do atleta e do seu passaporte, alterando-lhe a idade e o apelido, de Mvumpa para Wamangituka (um dos nomes do pai do jogador).

O jogador chegou então ao clube francês Alés, de divisões inferiores, chegando depois ao Paris FC, onde uma época com 11 golos foi suficiente para o Estugarda o tirar de França ainda em 2019.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Foi já com outro suporte que Silas Mvumpa resolveu abrir o jogo com o seu clube atual, relevando as “maquinações” do referido agente. “Vivi em medo constante nos últimos anos e também muito preocupado com a minha família, que está no Congo. Foi um passo difícil para mim relevar a minha história”, assumiu.

“Silas era muito jovem, não tinha experiência e estava sozinho. Confiou no agente, que já conhecia do Congo, e ficou logo completamente dependente. Viveram em Paris e o agente cortou-lhe o acesso exterior, sem acesso à sua conta e documentos”, revelou o Estugarda em comunicado emitido na passada semana.

Agora, Silas, que afinal tem 22 anos e não 21, estará sem poder jogar até 11 de Setembro deste ano, nada que não fosse já esperado. “Era claro para ele e para nós que o Silas ia ser sancionado pela Federação Alemã de Futebol e era assim que tinha de ser. Ao mesmo tempo, o veredito tem em conta as circunstâncias excecionais do seu caso”, disse Sven Mislintat, diretor desportivo da equipa alemã, que este ano terminou no nono lugar do Campeonato germânico.

Esta era, aliás, a esperança do clube, que desde logo demonstrou cooperação e esteve em contacto com autoridades congolesas. O Estugarda colocou-se desde o primeiro momento ao lado do jogador, considerando-o uma “vítima” e “o mesmo jogador e a mesma pessoa que jogou até chegar aos corações dos adeptos e colegas desde que está na cidade”.