Os checos parecem ter uma predileção por golos de “chapéu” e os portugueses sabem bem disso. Foi a 23 de junho de 1996, no Europeu disputado em Inglaterra, que Karel Poborsky acabou com as esperanças da seleção das quinas ao marcar um golo icónico, quando fez passar a bola por cima de Vítor Baía.

Vinte e cinco anos depois, a República Checa não tem, nem de perto, nem de longe, o mesmo romantismo com a bola nos pés (saudades Nedved), mas conseguiu presentear os seus adeptos e os adeptos do futebol com mais uma “chapelada” fantástica.

E, desta vez, Patrik Schick, avançado do Leverkusen, até aumentou a parada dos grandes golos checos do último quarto de século. Numa bola perdida à saída do seu meio-campo, esperava-se que acontecesse uma de duas coisas: ou o avançado aguentava a bola e esperava por colegas, ou saía sozinho no contra-ataque. Nem uma coisa, nem outra. Schick viu o guarda-redes escocês adiantado e pensou que estava na hora de fazer o 2-0 (havia sido ele a fazer o primeiro golo em cima do intervalo). E assim fez. Do meio-campo. Num golo extraordinário — o golo do Euro até agora. O golo que calou quase todos os adeptos que estavam no Hampden Park, porque, por algum motivo, os fãs checos lá gostaram que o seu avançado marcasse um golo a 45 ou 50 metros.

A Escócia, com muita vontade, foi esbarrando na bela exibição do guarda-redes checo. Cai de pé, com uma segunda parte positiva, mas reativa.

Após o jogo, na memória fica o tento maravilhoso da República Checa, naquele que foi talvez o encontro com futebol menos “trabalhado” até agora no Europeu.

O jogo a três toques

Para recordar

Golos de “chapéu” da República Checa não são coisa de agradar a portugueses, como já referido, e é claro que o desta segunda-feira pode trazer à memória o do Euro 96, frente a Portugal. Mas o lance que Patrik Schick protagonizou merece ser lembrado individualmente e viver por si, como o grande golo até ao momento do Euro. Ainda do seu meio-campo o avançado checo teve a presença de olhar ao longo do campo e, ao ver o guarda-redes Marshall adiantado, rematou com toda a força (e jeito) de pé esquerdo, fazendo um golo de levantar o estádio. Ou, pelo menos, os checos que marcaram presença em território “inimigo”.

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Para esquecer

Os primeiros 40 minutos do encontro foram muito provavelmente os piores do Euro 2020 até hoje. Já não há um “kick and rush” na Escócia, mas tirando um par de homens no meio-campo e o gigante Robertson na esquerda, não há muito por onde a equipa pode criar jogo.  Do lado checo, os ares de jogadores como Nedved, Rosicky, Baros, Berger e etc. já não se fazem sentir. Ou seja, mesmo com um golo em cima do intervalo e um lance de perigo para cada lado, a produção futebolística das duas equipas na primeira parte ficou um pouco aquém.

Para valorizar

O homem do jogo fez um bis, mas o sempre atento guarda-redes Vaclik foi segurando, e bem, a vantagem dos checos. Um par de defesas de belo efeito (evitou um autogolo) e sobretudo uma exibição bastante atenta valeram à sua equipa um jogo sem sofrer golos. Mesmo sem grande eloquência, a verdade é que em dois ou três lances os escoceses podiam ter marcado e Vaclik de olhos bem abertos e cheio de agilidade e certeza foi sempre dizendo “não”. Mas os vencidos também têm de ser valorizados, mesmo que sem surpresa, porque se há coisa que se espera de uma equipa escocesa é garra e luta até ao fim. Mesmo com desvantagem de dois golos assim fizeram, dando o tal trabalho ao guardião da República Checa.