Em conferência de imprensa esta segunda-feira, a primeira-ministra neozelandesa fez questão de se distanciar de “Jacinda Ardern: Liderar com Empatia”, a mais recente biografia sua lançada no mercado, desta vez com um selo de garantia inédito, por ter sido alegadamente baseado em entrevistas exclusivas.

O facto de dois conceituados jornalistas neozelandeses, Madeleine Chapman e Michelle Duff, já terem escrito cada um a sua biografia da primeira-ministra, sem que ela se tivesse alguma vez disponibilizado para ser entrevistada, já tinha feito soar os alarmes no país relativamente a este novo livro e ao grau de acesso que os autores teriam granjeado. Esta segunda-feira, Jacinda Ardern resolveu ela própria colocar um ponto final na questão e distanciar-se da obra, editada pela gigante americana Simon & Schuster.

Ardern diz que foi “claramente” enganada por Supriya Vani, jornalista e ativista, que co-assina o livro com o escritor Carl A. Harte, e que só aceitou falar com ela porque o projeto — “um livro sobre mulheres e liderança política” —, não era centrado nela. “Foi-me dito que havia cerca de 10 outras líderes políticas femininas envolvidas” disse a primeira-ministra aos jornalistas, garantindo nunca ter sido informada pela jornalista da sua intenção de a biografar. “Disse-me que estava a escrever um livro sobre mulheres e liderança política.”

Contactada pelo Guardian, Supriya Vani remeteu todos os esclarecimentos para o seu co-autor que, por sua vez, assegurou que Jacinda Ardern não foi em momento algum enganada. Até porque, na altura em que as entrevistas foram feitas, o par ainda não sabia sequer que ia escrever uma biografia.

Segundo Carl A. Harte, o plano mudou em 2020, quando a pandemia impossibilitou as outras entrevistas — e, também de acordo com o escritor, o gabinete de Ardern terá sido informado desse facto em janeiro deste ano, tendo sido inclusivamente enviada a capa do livro para os assessores da primeira-ministra.

Durante a semana passada, Ardern já se tinha visto na obrigação de falar publicamente sobre “They Are Us”, filme cuja produção deveria arrancar em breve e que, apesar de ter como pano de fundo os ataques de 15 de março de 2019 às mesquitas de Christchurch, teria como personagem principal a primeira-ministra neozelandesa. “Há muitas histórias do 15 de Março que podiam ser contadas, mas não considero a minha uma delas”, disse este domingo Jacinda Ardern, o que parece ter sido suficiente para fazer o produtor abandonar entretanto o projeto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR