A Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa admitiu esta terça-feira ver com “apreensão” a perda de produção de 70.000 veículos desde o início de 2020, mas espera que a empresa não se escude nesta situação para inviabilizar um novo acordo laboral.

“Vemos com muita apreensão a perda de produção, mas esperamos que a empresa não se escude atrás desta situação, da falta de componentes, para não voltar ao processo negocial, ou não alterar a sua posição, que foi rejeitada pela grande maioria dos trabalhadores”, disse o coordenador da Comissão de Trabalhadores, Fausto Dionísio.

A administração da fábrica de automóveis da Autoeuropa revelou esta terça-feira aos trabalhadores, em comunicado interno, que, desde o início de 2020, houve uma perda de produção de cerca de 70.000 carros, devido à pandemia e à falta de componentes.

Contactada, fonte oficial da Autoeuropa disse que a quebra de produção “não coloca em causa qualquer vínculo contratual”, mas alertou para a situação de imprevisibilidade que se vive no setor automóvel.

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“Num cenário corrente de vulnerabilidade e incerteza, com a transformação da indústria para a mobilidade elétrica e a escassez e o aumento do custo de matérias primas, o programa de produção pode vir a ser impactado com consequências na empregabilidade”, adverte a empresa.

No que respeita à negociação de um novo acordo laboral, após a rejeição do pré-acordo pela maioria dos trabalhadores no passado mês de maio, a Autoeuropa defende que é necessário “manter a competitividade da empresa face às outras unidades de produção do grupo Volkswagen”.

A administração da fábrica sustenta ainda que o novo acordo deverá assegurar a empregabilidade, tanto num cenário de perda de volume de produção, como após o fim de vida de um dos modelos produzidos (MPV–Multi-purpose Vehicle).

A administração da Autoeuropa considera ainda que o novo acordo deverá garantir “a manutenção do atual modelo de laboração, a garantia da produção do sucessor do T-Roc, e a competitividade para a transformação para a mobilidade elétrica”.

Por último, a empresa de Palmela refere ainda que “não se prevê uma melhoria significativa no segundo semestre deste ano” e lembra que, “perante a escassez de semicondutores, os componentes disponíveis serão distribuídos dentro do grupo Volkswagen pelas fábricas que apresentarem mais estabilidade e melhores resultados.