Quando João Cancelo testou positivo à Covid-19 e ficou confirmado que seria Diogo Dalot a substituí-lo na convocatória de Fernando Santos, algo ficou claro: Nélson Semedo, inicialmente chamado para ser a alternativa para a direita da defesa portuguesa, seria titular. O selecionador nacional não surpreendeu e lançou o jogador do Wolverhampton no onze contra a Hungria, deixando até Dalot de fora dos 23 — Semedo correspondeu e foi um dos melhores em campo.

No que toca a números, o lateral formado no Benfica atingiu estatísticas impressionantes na partida desta terça-feira. Tocou 103 vezes na bola, teve uma eficácia de passe superior a 90%, ganhou 11 duelos em 13 disputados, conseguiu sete desarmes em oito tentados, concluiu os dois dribles que tentou, criou duas oportunidades e ainda conquistou duas faltas. Entre o golo de Raphael Guerreiro, as entradas positivas de Rafa e Renato Sanches e o bis e os recordes de Cristiano Ronaldo, a exibição de Nélson Semedo acabou por ficar algo perdida entre os pingos da chuva após o final do jogo. Mas não terá passado despercebida aos olhos da Federação Portuguesa de Futebol, que o escolheu para ser um dos jogadores a falar na zona mista virtual que decorreu depois do apito final.

“Começámos muito bem, com uma vitória, que é o mais importante. Tivemos oportunidades para marcar na primeira parte, estivemos muito bem. Entrámos com o pé direito. Os adeptos fizeram-se ouvir no estádio, como fazem sempre. É importante sentirmos o apoio dos nossos adeptos. Por outro lado, foi ótimo termos o estádio cheio outra vez. É algo que já não sentíamos há algum tempo. Criámos muitas oportunidades na primeira parte e poderíamos ter saído para o intervalo a vencer por 2-0. A chave do jogo foi a paciência que tivemos”, disse o lateral de 27 anos.

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Depois da Hungria e na sequência de uma exibição muito positiva, é mais do que certo que será Nélson Semedo o lateral direito titular da Seleção Nacional contra a Alemanha, no próximo sábado, e contra França, na próxima quarta-feira. O jogador, que nunca tinha participado numa fase final de uma grande competição à exceção da Liga das Nações, terá tido na estreia no Euro 2020 a partida mais simples, em teoria, desta fase de grupos. Contra os alemães, terá pela frente nomes como Gnabry, Müller, Havertz e Werner, enquanto que com os franceses terá a responsabilidade de travar a velocidade de Mbappé — que também esta terça-feira, em Munique e contra a Alemanha, já mostrou muito do que é capaz de fazer.

A entrevista que Nélson Semedo adiou por “não estar a jogar bem o suficiente”: Messi, a saída do Barça e o português de um inglês do Wolves

De recordar que Semedo chegou ao Wolverhampton no início da época, depois de três anos no Barcelona, e fez 35 jogos e um golo entre Premier League e Taça de Inglaterra. A época dos wolves não correu como esperado, já que a equipa terminou no 13.º lugar e bem longe do acesso às competições europeias, e Nuno Espírito Santo acabou por deixar o clube. No próximo ano, porém, o cargo será de outro português: Bruno Lage já assinou contrato com o Wolverhampton e, para além de Nélson Semedo, vai orientar um alargado contingente nacional que também conta com Rui Patrício, João Moutinho, Rúben Neves, Bruno Jordão, Rúben Vinagre, Vitinha, Podence, Pedro Neto e Fábio Silva.

De recordar que a Seleção Nacional ainda treina esta quinta-feira no complexo desportivo do Vasas FC, em Budapeste, partindo depois para Munique por volta das 17h. A chegada à cidade alemã está prevista para as 18h10, sendo que a comitiva portuguesa ficará alojada no Infinity Hotel, a cerca de 15 minutos do Allianz Arena. Na sexta-feira, véspera da partida contra a Alemanha, Portugal já treina no estádio do Bayern Munique. O regresso à Hungria, onde a Seleção defronta França na última jornada da fase de grupos do Euro 2020 na próxima quarta-feira, está marcado ainda para dia 19, sábado, logo a seguir ao jogo contra os alemães.