A poucas horas de a seleção italiana de futebol entrar em campo para defrontar a Suíça no Euro2020, esta quarta-feira, as autoridades policiais desativaram um engenho explosivo artesanal num carro, fechando uma rua e vários quarteirões próximos do Estádio Olímpico de Roma. O dia escolhido para a ameaça não terá sido um acaso mas esta já é, na verdade, uma longa história de perseguição a uma figura bem conhecida na capital italiana: Marco Doria, um responsável da câmara local. Até um cão lhe morreu nas mãos, morto pelos inimigos deste descendente direto da conhecida família nobre dos Doria.

À primeira vista, o cargo de Marco Doria na câmara de Roma parece ser do mais pacato que há: é ele o presidente da Mesa para a Reurbanização de Parques e Vilas Históricas de Roma. Cabe a Marco Doria gerir os processos de restauração dos parques urbanos e dos palácios históricos da capital italiana – e foi no exercício desse trabalho que se tornou o alvo de alguns grupos de crime organizado de Roma.

No passado, Marco Doria tomou medidas contra a ocupação ilegal de alguns locais que são património público e insurgiu-se contra os danos provocados em algumas estátuas e fontes na cidade, designadamente as da Villa Doria Pamphilj, um palácio do século XVII que é o maior parque paisagístico em Roma e cuja propriedade foi da família aristocrata da qual Marco Doria é descendente.

No passado, Marco Doria já foi alvo de vários atos intimidatórios como encontrar balas no carro e pneus furados. O pior, porém, foi quando os seus inimigos deram a um cão de Marco Doria um pedaço de comida cheio de pregos no interior.

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Ele morreu nos meus braços“, disse, na altura, um emotivo Marco Doria ao jornal La Repubblica – o cão chamava-se Diablo. “Eles elegeram-me como seu inimigo e estão a subir cada vez mais a gravidade” dos atos, acrescentou Marco Doria, confessando: “Estou a começar a ficar com medo“.

Porém, após este acontecimento traumático, Doria, que há muito vive com proteção policial, assegurou, no Facebook: “Não me vão fazer parar“, em alusão a quem o ameaça – que as autoridades acreditam ser a chamada “máfia verde” que existe em Roma.

Terá sido o próprio Marco Doria que chamou a polícia, pelas 17h40 locais, quando viu o seu carro com fios a sair para fora. Lá dentro estava um engenho feito com pólvora, parafusos e fios elétricos que “podia ter explodido“, confirmou a polícia, citada pelo Corriere Della Sera. Apesar da operação policial, o jogo entre Itália e Suíça não sofreu qualquer atraso ou medida especial, com os transalpinos a vencerem por 3-0.

Ameaça de bomba confirmada em Roma: polícia desativa engenho artesanal perto do Estádio Olímpico antes do jogo