Há muito, muito tempo, demasiado tempo para um país de tanto futebol, que os Países Baixos não ganhavam dois jogos seguidos num Europeu. Aliás, há algum tempo que não tinham uma participação “normal” numa grande competição, após falharem o Europeu 2016 e o Mundial 2018. E desde 2008 que a equipa não joga um encontro a eliminar num Campeonato da Europa.

A título de curiosidade, faz esta quinta-feira precisamente nove anos que os Países Baixos terminaram a participação no Euro 2012 (três derrotas em três jogos) com um desaire frente a… Portugal. Nesse 17 de junho de 2012, em Kharkiv, na Ucrânia, dois golos de Cristiano Ronaldo valeram a vitória à equipa nacional (2-1).

Este ano, porém, a Laranja Mecânica vai já lançada para os oitavos de final, onde habituou os adeptos do futebol a estar, ao alcançar mais uma vitória hoje, frente à Áustria.

O encontro não foi especialmente bem jogado, com destaque para a falta de acutilância, para não falar em criatividade, dos austríacos. Alaba, craque dos austríacos, cometeu falta para grande penalidade e o holandês Depay concretizou, ainda na primeira parte. No segundo tempo, foi também nos pés do avançado do Lyon que nasceu novo golo dos Países Baixos, num ataque rápido concretizado depois por Dumfries.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

É o regresso dos Países Baixos ao sítio que pertencem por direito próprio e em termos históricos, depois de um jogo que controlaram e geriram de forma relativamente tranquila.

O jogo a três toques

Para recordar

As exibições de Depay e Wijnaldum. O primeiro, sempre um perigo à solta para a defesa adversária, marcou o primeiro golo da Laranja Mecânica e iniciou o ataque rápido que culminou no 2-0, assinalando uma excelente exibição. Por outro lado, o médio ex-Liverpool foi, apesar da participação de Depay nos golos, o melhor jogador em campo. Wijnaldum teve apenas presença no centro do terreno, na recuperação e organização, como chegada à área adversária, o que ficou bem mostrado nos últimos minutos, com sprints para a frente a para trás, evidenciando também que está numa excelente forma física.

Para esquecer

A Áustria não é uma das grandes potências do futebol mas tem, neste momento, um jogador de classe mundial: Alaba. Não se espera que o jogador (supostamente em trânsito do Bayern Munique para o Real Madrid) ganhe jogos sozinho, que cruze e vá rematar a mesma bola, mas não se compreende a insistência do selecionador austríaco em colocá-lo ao centro de uma defesa a três. Compreende-se de certa forma a ideia, que é tê-lo no centro do jogo, com a organização a passar-lhe pelos pés. E nessa perspetiva, ok, tem muita bola. Acontece que o jogo é ganho do outro lado do campo e, aí, Alaba faz ainda mais falta.

Para valorizar

A exibição tranquila da seleção dos Países Baixos. Não é uma equipa estrondosa mas tem um misto de juventude e experiência que pode possibilitar ao país voltar a estar mais vezes onde nos habituou: nas decisões. Resta saber se, na próxima fase, Frank de Boer consegue tirar o máximo dos seus jogadores para irem ainda mais longe.