Os volantes tipo yoke, sem a parte superior do aro, deram os primeiros passos enquanto manches de avião, tendo-se depois afirmado como a solução ideal para carros de competição, como os F1, onde o espaço não abunda e a ausência de aro superior permite uma solução mais compacta e, na maioria das vezes, uma melhor visibilidade do painel de instrumentos. A mais recente moda é utilizar os yoke em carros de série, uma vez que se na inovadora Tesla já está disponível, até a conservadora Toyota também já avançou pretender utilizar um “meio volante” no seu próximo veículo eléctrico.

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Visualmente, o yoke é um trunfo, pois confere ao modelo um espírito sofisticado e desportivo. No entanto, o volante tradicional continua a estar disponível, pois o yoke pode afastar muitos clientes caso seja difícil e pouco prático de utilizar, especialmente em manobras, onde é necessário girar o volante de extremo a extremo. Nos F1 isto não é um problema, pois a direcção apenas dá meia volta para cada lado, mas nos carros de série, com mais de uma volta para cada extremo, é pouco prático e nada funcional fazer manobras – ou, em condução desportiva, realizar contra-brecagens – com uma direcção que ultrapassa duas voltas entre extremos.

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Quando a Tesla apresentou o yoke, numa solução em linha com o que já tinha mostrado no futuro Roadster, esperávamos que tivesse igualmente adoptado uma direcção progressiva, que mantivesse o ângulo de viragem das rodas anteriores, mas cuja caixa de direcção não ultrapassasse em muito uma volta completa entre extremos, ou seja, meia volta para cada lado. A Toyota, para o seu eléctrico com o yoke, afirmou ter decidido fazer isto mesmo.

Sucede que depois da apresentação do Model S Plaid, por parte do Elon Musk, a potente e rápida berlina eléctrica foi entregue aos 25 primeiros clientes e a alguns jornalistas norte-americanos, que assim tiveram finalmente a oportunidade de testar o yoke, ver como lida com manobras apertadas e concluir quantas voltas dá a direcção, uma vez que a marca californiana nunca revelou essa informação. E tudo indica que continua a fazer duas voltas e meia entre extremos, o que o tornará pouco funcional em manobras.

Para provar que até os pilotos têm dificuldade em utilizar o yoke em pista – eles que tradicionalmente usam este tipo de solução, só que muito mais directa -, o piloto Randy Pobst, da Unplugged Performance, pediu para trocar o yoke por um volante normal na tentativa de registar uma volta cronometrada no circuito de Laguna Seca, traçado onde, àquela velocidade, nunca será necessário virar o volante mais do que meia volta para cada lado. Já para controlar as “atravessadelas”, eventualmente a conversa é outra.

Musk afirmou que a opção pelo yoke se devia ao melhor acesso visual ao painel de instrumentos, dando a entender que as eventuais dificuldades seriam ultrapassadas por uma cada vez maior utilização do Autopilot e o Full Self-Driving. É possível que, com o passar dos quilómetros, a maioria dos clientes que não visitem circuitos nem pratiquem uma condução acrobática se habituem a utilizar e a explorar o yoke. E caso não lhes agrade, podem sempre optar pelo volante tradicional.