“Supernova”

Dois homens, Sam, um pianista inglês (Colin Firth) e Tusker, um escritor americano (Stanley Tucci), percorrem a Inglaterra numa autocaravana, visitando familiares e amigos e revendo paisagens conhecidas. Sam e Tusker não são amigos nem parentes. São amantes de longa data e estão a fazer aquelas que poderão ser as suas últimas férias juntos. É que Tusker foi diagnosticado com demência há dois anos e está a piorar. Quer matar-se, para poupar trabalho e sofrimento a Sam, mas este insiste que cuidará dele até ao último momento, custe o que custar. Escrito e realizado por Harry Mcqueen, “Supernova” é um típico “filme de doença terminal”, com a única diferença de, neste caso, os protagonistas serem um casal homossexual. Mcqueen filma com pudor e parcimónia emocional, evitando despropósitos melodramáticos, e Firth e Tucci correspondem na mesma medida com as suas sóbrias interpretações.

“O Movimento das Coisas”

Depois do 25 de Abril, houve alguns cineastas portugueses que foram à descoberta da ruralidade em Portugal, em documentários mais ou menos etnográficos, ou ficções documentais. Rodado em Lanheses (Viana do Castelo), “O Movimento das Coisas”, de Manuela Serra, é um desses filmes, e o único da realizadora. Teve uma produção problemática, que foi de finais da década de 70 a meados dos anos 80 e nunca conheceu estreia comercial, apenas exibições em festivais, na Cinemateca e  sessões especiais. Ganhou aura de filme de culto e estreia agora finalmente, em cópia digital restaurada. Reminiscente do cinema de António Reis e Margarida Cordeiro, e de uma tradição de documentarismo nacional atenta à a vida no campo, “O Movimento das Coisas” é um curioso e sensível documento sobre o quotidiano de um Portugal interior cuja face o dinheiro da Europa, a televisão e as novas tecnologias alteraram muito de então para cá.

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“A Candidata Perfeita”

Primeira mulher a realizar filmes na Arábia Saudita e autora do pioneiro “O Sonho de Wadjda” (2012), sobre uma menina que se inscreve no concurso de recitação do Corão da sua escola para poder comprar uma bicicleta, Haifaa Al-Mansour segue, em “A Candidata Perfeita” (que escreveu com o marido e seu produtor, Brad Niemann), a médica Maryam Alsafan (Mila Al Zahrani), que se candidata à Câmara Municipal da sua cidade. Maryam, que vive com o pai viúvo, um músico de renome, e com as duas irmãs mais novas, está farta de pedir, sem sucesso, que pavimentem a entrada da clínica em que trabalha, porque os buracos, a água e a lama dificultam o movimento das ambulâncias e dos automóveis, e tornam num inferno a entrada das pessoas, sobretudo dos doentes que chegam de maca. “A Candidata Perfeita” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.