A incidência cumulativa (a 14 dias) foi de 105 casos por 100 mil habitantes em Portugal, a 16 de junho, “representando uma tendência crescente”, refere o relatório “Monitorização das linhas vermelhas para a Covid-19”, elaborado em conjunto pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) e Direção-Geral da Saúde. O índice de transmissão — R(t) — foi de 1,14 entre 9 e 13 de junho.

A manterem-se estas taxas de crescimento, o limiar de 120 novos casos por 100 mil habitantes, acumulado em 14 dias, será atingido em menos de 15 dias ao nível nacional e na região do Algarve, e o limiar de 240 casos por 100.000 habitantes será atingido em Lisboa e Vale do Tejo em menos de 15 dias”, lê-se no relatório divulgado esta sexta-feira.

A incidência por região é muito variável, com Lisboa e Vale do Tejo a ter uma incidência três vezes maior do que o Norte. A região de Lisboa e Vale do Tejo tinha, a 16 de junho, uma incidência de 180 casos por 100 mil habitantes (e pode chegar aos 240 casos em duas semanas), seguida do Algarve com 113 casos, o Alentejo com 70 casos e depois Norte e Centro com 59 e 46 casos, respetivamente.

Também a incidência por grupo é etário é bastante distinta. Na casa dos 20 anos a incidência cumulativa foi de 203 casos por 100 mil habitantes e para o grupo com mais de 80 anos foi de 27 casos por 100 mil habitantes.

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A tendência crescente do R(t) foi igualmente visível em todas as regiões. Na região de Lisboa e Vale do Tejo de 1,12 para 1,20, na região do Algarve de 1,09 para 1,19, no Alentejo de 1,05 para 1,13, no Centro de 1,05 para 1,07 e no Norte de 0,99 para 1,04.

Observou-se um valor de R(t) superior a 1 e com tendência crescente em todas as regiões continente, sugerindo uma aceleração da tendência crescente da incidência de infeção por SARS-CoV-2″, lê-se no relatório.

A região de Lisboa e Vale do Tejo tinha ainda, a 16 de junho, a maior parte dos doentes internados nas unidades de cuidados intensivos: 57 dos 88 doentes Covid-19 em UCI (65%). O número de internamentos nas UCI tem crescido, apesar de ainda estar longe do limiar crítico de 245 camas ocupadas, segundo o relatório. O grupo etário com mais internados em UCI é o dos 50 aos 59 anos (27).

Boletim DGS. Incidência cumulativa em Lisboa é três vezes superior à do Porto

Na última semana diminuiu o número de testes realizados e aumentou a proporção de resultados positivos, de 1,3 para 2,3% (mais próximo da linha vermelha dos 4%).

Também aumentou o atraso na notificação dos casos positivos, agora muito próxima da linha vermelha dos 10%. Se entre 3 e 9 de junho, 7,5% dos resultados positivos foram conhecidos mais de 24 horas depois de pedido o teste, na semana de 10 a 16 de junho, foram 9,6% dos casos.

O relatório acrescenta ainda que, de 10 a 16 de junho de, “83% dos casos notificados foram isolados em menos de 24 horas após a notificação e 78% dos seus contactos foram rastreados e isolados no mesmo período”.

Variante Delta domina em Lisboa e vai sobrepôr-se à Alpha em todo o país

O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge identificou 157 casos da variante Delta (originária da Índia) até ao dia 16 de junho — 65 só na última semana —, segundo o relatório “Monitorização das linhas vermelhas para a Covid-19”, divulgado esta sexta-feira. Estes casos representam uma amostra de vírus sequenciados (cujos genes foram lidos) do conjunto total de testes positivos.

No relatório, os autores escrevem que não foi possível identificar a origem de 35,7% dos casos, sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo. “O que suporta que a transmissão comunitária desta variante está bem estabelecida nesta região”, lê-se no relatório.

Os casos positivos foram identificados sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo (77,7%), mas também já está confirmada a presença na região do Centro (7,8%). A maior parte dos casos identificados eram portugueses (52,9%), seguidos de nepaleses (21,7%). Dos 157 casos, 21 apresentam a mutação adicional K417N — uma das razões para o Reino Unido tirar Portugal da lista verde das viagens.

Oito respostas sobre a K417N, a mutação do Nepal que afinal já existia e que sozinha não muda grande coisa

“Tendo em conta o número de casos de infeção por SARS-COV-2 com identificação da variante Delta, em comparação com os casos das restantes variantes, estima-se que esta variante se venha a sobrepor à variante Alpha nas próximas semanas”, lê-se no relatório.

Das 9.000 amostras sequenciadas até 16 de junho, para ler os genes que permitem identificar as variantes, a maioria continuou a ser da variante Alpha (britânica), mas a Delta representou 157 (o dobro de há duas semanas). Registaram-se ainda 113 casos da variante Beta (sul-africana), mais dois casos do que na semana passada, e 146 casos da Gamma (de Manaus, Brasil), mais quatro casos do que na semana passada.

30.Abril 7.Maio 14.Maio 21.Maio 28.Maio 4.Junho 12.Junho 18.Junho
B.1.617.2 0 0 2 2 37 74 92 157

“O fenómeno de sobreposição da variante Delta à variante Alpha é expectável e deve-se à vantagem adquirida desta nova variante por adaptação do vírus.”