O secretário de Estado Adjunto e da Economia anunciou esta sexta-feira que já foram aprovadas mais de 100 mil candidaturas no âmbito do programa Apoiar, que visa ajudar as empresas dos setores mais afetados pela pandemia da Covid-19.

“Só no âmbito do programa Apoiar, até ontem [quinta-feira], foram aprovadas mais de 100 mil candidaturas, tendo já sido transferidos para as empresas mil e setenta milhões de euros a fundo perdido“, declarou João Neves, no Parlamento, na interpelação ao Governo requerida pelo CDS-PP, sobre a gestão da pandemia no pós-estado de emergência.

O anúncio foi feito na fase de encerramento do debate, no qual o deputado centrista João Almeida reafirmou a “solidariedade do CDS”, perante uma situação “excecional e imprevisível“, com quem governa “mas naturalmente também a dedicação na representação daqueles que, em cada momento foram ficando para trás”.

Na opinião do deputado democrata-cristão, “o Governo foi muitas vezes teimoso e não devia ter sido, porque quando corrigiu melhorou sempre, quando insistiu normalmente agravou”, acrescentando que “não é digno de um país que está integrado na União Europeia há mais de 30 anos (…) quando vê aprovado um plano, perguntar se já pode ir ao banco”, numa referência ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

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“A pergunta tem de ser quando é que vamos começar a fazer diferente e quando vamos começar a fazer melhor e a resposta só pode ser já”, rematou. Pelo PS, o deputado André Pinotes Batista defendeu que o Governo tem a humildade de reconhecer que não se acertou em tudo, ressalvando que se acertou “muitíssimo mais do que aquilo que se falhou“.

Salientando que a transparência é fundamental, o deputado anunciou que o grupo parlamentar socialista vai apresentar uma proposta para prorrogar até ao fim da legislatura o funcionamento da atual Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia de Covid-19 e do processo de recuperação económica e social.

Pelo PSD, o deputado Rui Cristina deixou críticas às “recorrentes desigualdades geográficas que estão a ocorrer no processo de vacinação“, mas também algumas questões sobre a recente recomendação da DGS para a realização de testes em eventos familiares com mais de dez pessoas, como aniversários, casamentos e batizados e em eventos culturais e desportivos, com mais de 1.000 pessoas em espaços abertos e 500 em recintos fechados.

O social-democrata quis saber se estes testes “são ou não obrigatórios“, quem vai fiscalizar esta medida e como tenciona o Governo operacionalizar a aplicação dos certificados digitais de vacinação. Se é verdade que “existem novas variantes“, salientou Moisés Ferreira (BE), “também é verdade que o Governo não aproveitou a capacidade de testagem e que em certos momentos teve uma péssima comunicação de saúde”, lamentando também a saída de profissionais do SNS.

“Aquilo que se pergunta neste momento, perante esta saída de profissionais, é se é agora que vai avançar em propostas que já deviam estar a ser aplicadas há muito tempo e que o BE propôs para o OE de 2021, todas rejeitadas pelo Governo, como revisão das carreiras profissionais, aumento da remuneração dos profissionais, a questão da exclusividade para o SNS”, atirou.

Paula Santos, do PCP, também se mostrou preocupada com a saída destes profissionais, apelando ao reforço das equipas de saúde pública e perguntando “o que o Governo está a fazer” para a aquisição de mais vacinas, “mais enfermeiros e trabalhadores nos centros de vacinação”, apontando que “não vale empurrar para as autarquias”.

Bebiana Cunha, do PAN, alertou para os problemas de saúde mental resultantes da pandemia e Mariana Silva, do PEV, lamentou o “encerramento quase total dos Cuidados de Saúde Primários um pouco por todo o país“.

Pelo Chega, André Ventura criticou o “cerco inadmissível” em Lisboa e alertou para os atrasos nas consultas e cuidados de saúde do SNS com Cotrim de Figueiredo, da IL, a partilhar esta preocupação ao apontar que “25% dos portugueses deixaram de ir ao SNS”.