A atual presidente da região da Île-de-France, região que envolve Paris, pediu esta quinta-feira aos lusodescendentes que não partam de férias para Portugal antes de 27 de junho de forma a votarem nas duas voltas das eleições regionais.

“O Governo escolheu realizar estas eleições a 20 e 27 de junho e muitos franceses já vão estar de férias. Se os franceses de origem portuguesa partirem de férias para Portugal, não vão votar. Peço-lhes que se não puderem ficar, que votem por procuração, mas que se puderem, fiquem para votar”, disse Valérie Pécresse, recandidata de direita ao cargo, em entrevista.

Valérie Pécresse preside desde 2015 à região de Île de France, a região francesa mais rica (o orçamento desta região para 2021 é de 5 mil milhões de euros) com um grande peso na política nacional, já que é a região com mais população em França e na Europa, com 12 milhões de habitantes. É aqui que a grande parte da comunidade portuguesa em França se instalou nos anos 1960 e 1970, estimando-se que existam cerca de 1 milhão de pessoas com origens portuguesas nos arredores de Paris.

“A comunidade portuguesa é muito importante e o que eu vejo é que as pessoas da comunidade estão a começar a ter cada vez mais responsabilidades na vida política francesa”, reconheceu Valérie Pécresse acrescentando que “há um compromisso da comunidade para trabalhar para o bem comum em Île de France”. Nas suas listas figuram algumas das caras mais proeminentes da comunidade na direita como Geoffrey Carvalhinho, eleito em Pantin, Julien Garcia, presidente da Câmara de Etrechy, ou Angela dos Santos Avond, eleita em Chelles.

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A dirigente política firmou ainda durante o seu mandato uma parceria com a região de Lisboa e desde setembro juntou o português a uma aplicação gratuita, financiada pela região, para que todos possam aprender línguas de forma acessível. Quanto à segurança, um dos maiores problemas na região e que inquieta a comunidade portuguesa que aí reside, Valérie Pécresse promete continuar a trabalhar para combater a criminalidade.

“Se eu for reeleita, vou continuar a destruir os guetos urbanos que existem. Temos bairros em França onde não existe segurança e eu quero reconstruir a região com um máximo de 30% de alojamento social em cada bairro”, prometeu. A região já conta com várias polícias municipais, assim como polícias dos transportes e forças de segurança especialmente treinadas para operarem nos liceus.

Pécresse, que pertencia ao partido de direita Les Republicains, mas saiu para formar o seu próprio movimento e é apontada como potencial candidata presidencial, é crítica em relação ao Governo de Presidente Emmanuel Macron, por considerar que as regiões fazem mais do que as suas competências.

“Nós já fazemos mais do que as nossas competências, tal como a segurança que não nos cabe a nós, mas nós fazemo-lo. Fazemos a segurança nos transportes, nos liceus, com a polícia municipal. E até a polícia nacional ou bombeiros já fazemos muito. Mas o estado bloqueia termos ainda mais competência”, enumerou.

Sobre uma possível candidatura presidencial em 2022, Valérie Pécresse sorriu e diz estar mais interessada em “mobilizar as pessoas para as eleições regionais e departamentais”. Este escrutínio vai acontecer em todo o território francês, nas 18 regiões e 101 departamentos, com a primeira volta a acontecer a 20 de junho e a segunda a 27 de junho.