O BCP admitiu recorrer a despedimento coletivo na reunião que teve com sindicatos esta semana, segundo a apresentação feita aos sindicatos a Lusa que a teve acesso.

No BCP arrancou esta semana o plano de redução de trabalhadores, com o banco a contactar cada um dos trabalhadores que pretende que saiam e a apresentar as condições da rescisão (desde logo valores das indemnizações). Os trabalhadores poderão sair por reformas antecipadas (para trabalhadores com 57 anos ou mais) ou em rescisões por mútuo acordo. Neste caso, quem sair em rescisão por acordo não acede a subsídio de desemprego.

Em 9 de junho, após o BCP ter anunciado o programa de saída de funcionários, os sindicatos filiados na UGT (Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal, Sindicato dos Bancários do Centro e Mais Sindicato) indicaram que a intenção do BCP é que saiam até 1.000 trabalhadores.

Esta semana, na passada quarta-feira, o banco teve reuniões com os sindicatos e informou mesmo que admite recorrer a despedimento coletivo. Na apresentação feita aos sindicatos, a que se teve acesso, o BCP indica que o despedimento coletivo, cumprindo as condições legais, abrange “todos os que não aceitem o processo de negociação”.

Já em 9 de junho, o banco tinha falado em “medidas unilaterais de redução do número de trabalhadores”. Segundo o Jornal Económico, que esta sexta-feira noticia que o BCP admite recorrer ao despedimento coletivo, entre as condições da rescisão por mútuo acordo está o pagamento de uma indemnização de 1,4 ordenados por ano de trabalho.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Noticia ainda o Económico que “inicialmente o BCP queria propor 1,3 ordenados, mas na sequência da reunião com sindicatos subiu o valor a pagar pelas saídas voluntárias”. O designado ‘processo de negociação antecipada’ do BCP decorre até 18 de agosto, tendo o banco previsto que possa avançar com o despedimento coletivo a partir de final de agosto. O objetivo é encerrar o plano de reestruturação em 5 de dezembro, segundo a apresentação aos sindicatos.

Quando anunciou o plano de saída de trabalhadores, o presidente executivo, Miguel Maya, disse que o banco adiou a redução de pessoal prevista para 2020 devido à crise pandémica, tendo “então decidido que não era adequado empreender nesse ano o processo de redução de trabalhadores que estava a ser equacionado”.

Segundo Miguel Maya, “um processo estruturado de redução de pessoas constitui para a equipa de administradores executivos” a “decisão mais difícil, mais pesada de tomar” desde que assumiram funções, mas afirmou também que se não fizessem essas saídas agora estariam “a comprometer de forma relevante o futuro do banco e dos seus trabalhadores”.

O gestor realçou que as saídas não foram tomadas tendo por comparação o número de funcionários de outros bancos mas “tendo por base uma análise minuciosa das necessidades e da capacidade existente, ponderando adequadamente as especificidades do banco e o impacto das novas tecnologias nos modelos e processos de negócio, bem como a evolução que se perspetiva para o BCP”.