Um polícia ajoelhado sobre o pescoço de um jovem, negro, cuja cara toca o chão, enquanto um segundo agente parece pressionar-lhe as costas e o revista. O vídeo, captado numa rua de Montreal, no Canadá, começou a ser divulgado esta semana nas redes sociais, embora já tenha sido gravado a 10 de junho, e está a causar indignação pela atuação policial e a semelhança às imagens, ainda frescas na memória coletiva, da morte de George Floyd, a 25 de maio de 2020, nos EUA.

Segundo a polícia, os dois agentes foram chamados ao local após uma denúncia de uma rixa entre 15 jovens, perto de uma escola secundária, no bairro Villeray, em Montreal. Dois desses jovens estariam armados (um deles é o que aparece no vídeo de 90 segundos). Nas imagens, o agente que revista o jovem, de 14 anos, parece retirar-lhe uma arma de uma mala. Para a câmara, o polícia diz que se trata de um “taser”.

À Radio Canada, um representante da polícia de Montreal acrescentou que o jovem e um outro rapaz recusaram identificar-se. A versão da polícia é que a um dos jovens foi apreendida uma embalagem de gás pimenta, tendo o segundo jovem, que aparece no vídeo, entrado em pânico e procurado algo na sua mala. Terá sido então que a polícia derrubou o rapaz.

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Mais de um ano depois do homicídio de Floyd, é agora a atuação da polícia canadiana, perante um jovem de 14 anos, a ser questionada e criticada, nomeadamente por ativistas e políticos. A polícia já garantiu que está a investigar o caso.

“Traz de volta memória do que aconteceu com George Floyd”, disse, citado pelo The New York Times, Balarama Holness, ativista pelos direitos humanos que se está a candidatar a presidente da câmara de Montreal. “A polícia tem de se responsabilizada”, defende, acrescentando que estas técnicas “não devem ser permitidas. Ponto final”.

À CBC Canada, a mãe do jovem questiona se a atuação policial estará relacionada com a cor da pele do filho. “Não é por sermos negros que temos de experienciar este tipo de coisas. Somos humanos”, diz. O filho, conta, tem agora medo de sair de casa. Já o agente que pressiona o pescoço do jovem continua a trabalhar, enquanto a polícia investiga o caso.