O plano parecia simples: Israel tinha vacinas a mais, a Palestina está atrasada no processo de vacinação. No imediato, Israel enviava doses para a Palestina e, no final do ano, quando a Palestina espera receber doses da Pfizer, faria o acerto de contas com Israel, mas a Palestina diz que Israel enviou vacinas com data de validade mais curta que o prometido e o acordo foi cancelado.

O porta-voz da Palestina Ibrahim Melhem confirmou que a entrega das primeiras 90 mil doses não estava conforme “as especificações do acordo”, o que levou o primeiro-ministro Mohammad Shtayyeh a cancelar o acordo entre os países. O ministro que tutela a Saúde na Palestina, Mai Alkaila, afirma que Israel tinha garantido que as vacinas teriam validade de julho ou agosto, mas as doses chegaram com validade de junho.

“Não tem validade suficiente para que as possamos utilizar, por isso decidimos rejeitá-las”, afirmou Mai Alkaila citado pela BBC. Também o porta-voz palestiniano disse à agência de notícias oficial Wafa que o “governo se recusa a receber vacinas que estão quase a perder a validade”.

Ainda que as indicações da Organização Mundial da Saúde sejam para não deitar fora nenhuma dose das vacinas que já tenha passado a validade indicada, as normas do fabricante indicam que não devem ser administradas depois de ultrapassado o prazo definido. Os estudos sobre a eficácia das vacinas depois de a validade ter vencido ainda estão a ser realizados pelo que, de momento, a indicação é para não se administrarem, mas que sejam guardadas.

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Israel responde que Palestina concordou com a data de validade das vacinas a receber

O ministério da Saúde israelita já respondeu às alegações da Palestina. Num comunicado, citado pela Bloomberg, o governo de Israel diz que as doses enviadas são “completamente normais” e semelhantes às vacinas que estão a ser administradas aos cidadãos israelitas. O ministério garante que a data de validade das vacinas era conhecida pelas autoridades palestinianas e que estava dentro do acordado entre os dois países.

Porém, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, já tinha admitido, na sexta-feira, que a tranche que seria enviada continha doses “prestes a perder a validade”. “O ministério da saúde palestiniano recebeu vacinas da Pfizer que eram válidas, com datas de validade conhecidas, acordadas e que correspondiam ao acordo entre os dois lados”, diz agora o governo.