Foram 14 segundos, apenas 14 segundos, mas 14 segundos que mereciam outro final na linha da meta. Depois de um jogo de recordes diante da Hungria, a primeira vez que Ronaldo se mostrou mais a sério contra a Alemanha foi para cortar a bola de cabeça num canto na sua área, fazer um sprint com duas desacelerações pelo meio para não cair em situação fora de jogo e marcar 14 segundos depois com passe de Diogo Jota. E mais tarde, já com Portugal em desvantagem, voltou a ser mais lesto na área para retribuir ao companheiro de equipa esse passe mortal, somando a primeira assistência neste Europeu que se juntou aos três golos na prova.

A vida anda e adapta-se mas há coisas que não mudam. E no final, entre nós e eles, continuam a ganhar eles (a crónica do Alemanha-Portugal)

Ronaldo é nesta altura o melhor marcador do Campeonato da Europa a par do checo Patrick Schick. Se Portugal perdeu, não foi por ele. E aquilo que fez no plano individual contribuiu para chegar a mais alguns recordes.

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Ao todo, o capitão tocou 45 vezes na bola, ganhou 11 duelos disputados, sofreu quatro faltas, criou duas ocasiões, tentou dois remates, fez uma assistência e marcou um golo. Em termos estatísticos, e após Patrício ter chegado ao intervalo como o melhor elemento nacional, o avançado terminou o encontro com esse estatuto de MVP. 

Manuel Neuer, apesar da vitória, não tem boas recordações de Ronaldo: o avançado marcou o quinto golo no quarto jogo que fez na Allianz Arena (mais duas assistências, contando com a de hoje) e somou o décimo contra o guarda-redes germânico, tornando-se o jogador que mais golos marcou ao capitão da Mannschaft entre clubes e seleção. O número 7 da Juventus conseguiu também fazer finalmente um golo à Alemanha, que se tornou a 43.ª seleção diferente a quem o capitão de Portugal marcou. E a 44.ª pode ser no jogo seguinte: a França.

Mas os registos não ficaram por aqui. Ao marcar o 12.º golo em Europeus, igualando os três golos de 2012 e 2016, Ronaldo passou a ter 19 golos em fases finais de Campeonatos da Europa e do Mundo, chegando ao recorde que pertencia de forma isolada ao germânico Miroslav Klose. Em paralelo, e com a primeira assistência nesta edição de 2020, o português igualou os seis passes decisivos que o checo Karel Poborsky somou em Europeu.

O recorde de Ali Daei, esse, está mais perto. Mas para conseguir neste Europeu os dois golos que irão valer o “título” de melhor marcador de sempre de seleções (o iraniano fez 109, o português tem 107), Ronaldo terá de fazer mais alguns jogos na prova e, com isso, alcançará outro registo: o jogador europeu que soma mais internacionalizações, sendo que nesta altura o central espanhol Sergio Ramos está apenas a três (180-177).