O presidente do PSD de Vila Nova de Gaia, Cancela Moura, rejeitou esta segunda-feira que existam divisões no partido e avançou que vai fazer “um grande apelo à coesão interna” a nível local.

O Núcleo social-democrata de Mafamude/Vilar do Paraíso exigiu no sábado eleições imediatas para a concelhia de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, após António Oliveira anunciar a sua desistência como candidato do partido à Câmara Municipal.

Vamos fazer um grande apelo à coesão interna. Não há posição de núcleo nenhum. Há a posição isolada de um militante que, ao contrário do que diz, é para nós bastante insignificante porque está longe, não participa, não dá contributos e anda nas costas de toda a gente a usurpar funções e a assinar comunicados. Estamos a gastar tempo demais com quem não devíamos”, disse Cancela Moura.

Cancela Moura falava aos jornalistas numa conferência de imprensa, na qual o tema principal foi a desistência do ex-selecionador de futebol António Oliveira à corrida à Câmara Municipal de Gaia.

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Questionado sobre o pedido de eleições antecipadas feito no sábado pelo PSD de Mafamude/Vilar do Paraíso, Cancela Moura recusou a ideia de que existam divisões internas.

“Críticas dessas resvalam na carapaça da nossa indiferença”, disse o presidente da concelhia PSD/Gaia.

No sábado, o núcleo referiu, em comunicado, que “o partido voltou a estar nas páginas dos jornais e nos noticiários televisivos pelas piores razões”.

“A decisão de António Oliveira é perfeitamente compreensível, expectável e natural” num “homem livre que não se quis sujeitar e imiscuir na mercearia de um líder partidário local como Cancela Moura (presidente da concelhia do PSD de Gaia) que, ao longo dos últimos anos, tem vindo a destruir o PSD em Gaia em nome dos seus interesses pessoais”, afirmou o núcleo.

O texto enviado à agência Lusa era assinado por Rui Pedro Gonçalves com a referência de que este era o presidente do núcleo, algo que o próprio esclareceu ter sido “um lapso”, afirmando ser vice-presidente da estrutura local.

Rui Pedro Gonçalves rejeitou as críticas feitas na manhã desta segunda-feira por Cancela Moura, lembrando que é militante num núcleo que “é dos maiores do concelho” e apontando que a tomada de posição de sábado “reflete o sentimento de um grupo alargado de militantes do concelho”.

“Dei a cara após uma auscultação alargada e de constatar o sentimento de um conjunto alargado de militantes com provas dadas. Não é o Rui Gonçalves que acorda um dia e lança isto. Isto não é restrito ao núcleo”, referiu.

O vice-presidente do núcleo do PSD de Mafamude/Vilar do Paraíso aproveitou para afirmar que foi com “estranheza” que viu que na conferência de imprensa desta manhã, sessão que ocorreu numa unidade hoteleira de Gaia, o presidente da concelhia surgiu acompanhado dos candidatos às juntas de freguesia e não dos representantes das estruturas locais.

Onde está a estrutura política de Vila Nova de Gaia a dar suporte a esta tomada de posição? Qual o motivo pelo qual (Cancela Moura) não auscultou o partido e as suas estruturas para a tomada de posição desta manhã? Foi uma posição isolada, um ímpeto do Cancela Moura que não sei se reflete o pensamento das estruturas locais. Não estamos num regime da Coreia do Norte em que todos têm de obedecer cegamente ao seu líder”, concluiu.

Esta troca de acusações surge depois de, na sexta-feira, numa carta aberta à qual a Lusa teve acesso, António Oliveira ter referido que desistiu da corrida às eleições autárquicas por “uma questão de higiene”, recusando pôr os “interesses de uns personagens” à frente dos interesses da população.

António Oliveira encabeçava a candidatura da coligação PSD/CDS-PP/PPM a Vila Nova de Gaia.

O nome do ex-selecionador nacional foi aprovado na reunião da Comissão Política Distrital Alargada do PSD, que decorreu em 22 de março em Seroa, em Paços de Ferreira, e anunciado publicamente no dia seguinte pelo presidente do PSD, Rui Rio.

Até agora foram oficializadas à Câmara de Vila Nova de Gaia as candidaturas da deputada à Assembleia da República Diana Ferreira (CDU), do engenheiro civil Renato Soeiro (BE) e a do gestor Alcides Couto (Chega).

A Câmara de Vila Nova de Gaia é atualmente liderada pelo PS, que conquistou, nas autárquicas de 2017, nove mandatos, sendo oposição no executivo o PSD com dois eleitos.

As eleições autárquicas têm de ser marcadas pelo Governo para o período entre 22 de setembro e 14 de outubro.