O presidente executivo interino da TAP, Ramiro Sequeira, despediu-se esta segunda-feira dos trabalhadores do grupo sublinhando que a sobrevivência da companhia dependerá da “implementação rigorosa” do plano de reestruturação.

Num email enviado aos trabalhadores, a que se teve acesso antes da assembleia-geral desta quinta-feira que deverá aprovar o novo Conselho de Administração da TAP, Ramiro Sequeira diz que “o próximo capítulo – a implementação rigorosa do plano de restruturação -, é vital para a sobrevivência da TAP“. “Fazendo referência a um filme, que aqui vos deixo, é o ‘centímetro’ pelo qual todos teremos que lutar nos próximos anos. E, meus caros, ‘ou nos unimos como equipa ou morreremos como indivíduos'”, lê-se no email.

Na semana em que termina as suas funções, o gestor diz que viveu “enormes, complexos e duros desafios destes últimos meses”, desafios esses que, ao terem impacto em milhares de outras pessoas, se tornaram numa missão “numa empresa que precisava de um rosto e liderança para avançar no contexto da pandemia, elaborar o plano de reestruturação, preparar a retoma e, não menos importante, manter em velocidade cruzeiro e em segurança o dia-a-dia”.

“Uma coisa temos como garantido: fizemos parte de um relevante e determinante capítulo destes preciosos 76 anos de história e de todos os que estão por vir”, refere. Assim, acrescenta, dez meses passados, a “TAP está a retomar, lentamente, as operações, em segurança, tem um plano de reestruturação e de recuperação, que todos esperamos seja aprovado em breve, manteve o papel essencial para o país e para os portugueses ao assegurar, sempre e sem exceção, a continuidade territorial”.

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“Assegurou o repatriamento de milhares de compatriotas e o transporte de material médico crítico. Alcançámos, em parceria com todos os sindicatos, acordos fundamentais e essenciais a este caminho, que permitiram baixar o impressionante número de 2000 trabalhadores excedentários para menos de 200, estando assim este duro processo na sua fase final”, sinaliza.

Ramiro Sequeira iniciou a função de presidente executivo da TAP em setembro do ano passado, substituindo Antonoaldo Neves no cargo que ocupava desde 2018, na sequência do acordo entre o Governo e os acionistas privados para a reorganização do quadro societário da TAP – com a saída de David Neeleman. Em 2020, a TAP voltou, então, ao controlo do Estado português, que passou a deter 72,5% do seu capital. O empresário Humberto Pedrosa tem 22,5% e os trabalhadores os restantes 5% do grupo.

A TAP está a ser alvo de um processo de reestruturação, devido à situação financeira difícil causada pela pandemia, que implicou a redução do número de trabalhadores e levou a Comissão Europeia a autorizar o auxílio estatal de 1,2 mil milhões de euros. Já este ano, no final de abril, a Comissão Europeia aprovou um novo e intercalar auxílio estatal de Portugal à TAP, no valor de 462 milhões de euros, para novamente compensar prejuízos decorrentes da pandemia e, segundo a transportadora, garantir liquidez até à aprovação do plano de reestruturação por Bruxelas (que ainda decorre).