Ucrânia e Áustria disputaram esta segunda-feira um dos primeiros jogos de “mata mata” (como diria Scolari) do Euro 2020, visto que se jogava o segundo lugar do Grupo C e consequente entrada direta nos oitavos de final. Era, portanto, um dos jogos mais importantes da história de cada uma das equipas.

E, tendo em conta as duas primeiras jornadas, seriam de esperar duas coisas: uma melhor primeira parte da Ucrânia e Alaba a jogar muito atrás na equipa austríaca. Nenhuma dessas situações aconteceu, o que favoreceu, obviamente, a Áustria. Com Alaba a defesa esquerdo, onde rende mais, a equipa que o agora ex-jogador do Bayern Munique capitaneia entrou muito, muito pressionante, não deixando os jogadores de Shevchenko combinarem em jogadas de ataque. Aliás, não deixaram os ucranianos combinar coisa nenhuma, pressionando de forma muito intensa a fase de construção contrária. Sem a linha de três centrais que apresentou nas duas primeiras jornadas, a Áustria mostrava-se muito melhor.

Aos 25′, a estatística contava a história do jogo: sete remates para a Áustria e nenhum para a Ucrânia. Curiosamente, foi pouco depois de uma perigosa jogada ucraniana (a primeira digna desse nome, pouco antes dos 30′) que Baumgartner fez o 1-0 para os austríacos, a finalizar bem um pontapé de canto de Alaba. O marcador do golo, porém, saiu de campo passados poucos minutos, meio “abananado” após um choque com um adversário.

Terminada a primeira parte ficava no ar que a Áustria podia estar a vencer por mais golos de diferença. Já para as hostes ucranianas, é verdade que tiveram mais bola nos últimos minutos do primeiro tempo, mas o que marca o jogo são mesmo os inúmeros passes falhados e a incapacidade perante a pressão adversária.

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Na segunda parte, a Áustria desceu as linhas e chamou a Ucrânia, cuja melhor oportunidade foi mesmo quando um jogador adversário quase fez autogolo. Bachmann, guarda-redes austríaco, mostrou-se atento dessa vez (e em mais um par de lances), negando o empate.

Até ao fim do encontro, e mesmo com a Ucrânia a ter mais bola e, obviamente, a poder fazer um golo a qualquer altura (e 1-0 é um resultado curto), a Áustria pareceu sempre ter o controlo do jogo, com ou sem bola, passando de forma justa e pela primeira vez a fase de grupos de um Europeu, tendo já destino marcado: a Itália.

O jogo a três toques

Para recordar

Excelente primeira parte (principalmente) da Áustria. A equipa entrou super pressionante, negou as boas ideias que a Ucrânia podia ter e obrigou, inúmeras vezes, os ucranianos a jogar mal. Aqui, o destaque vai para a prestação do meio-campo austríaco, Grillitsch Laimer e Schlager, a quem se junta Sabitzer, principal criativo do jogo ofensivo da equipa. E não foi só defensivamente que estes jogadores se mostraram a bom nível esta segunda-feira. No ataque “só” faltou mais eficácia para o esforço dos primeiros 45 minutos ter ficado ainda mais demonstrado no marcador.

Para esquecer

A Ucrânia melhorou no segundo tempo, mas não foi suficiente. Esperava-se mais de uma equipa que até mostrou bons apontamentos nas duas primeiras jornadas, mas foram muitas as perdas de bola e os passes falhados, também por culpa da tal pressão austríaca. Mas isso nem tudo desculpa e houve vários jogadores a passar ao lado do jogo, como por exemplo Malinovskyi, criativo da Atalanta que atua pelo lado esquerdo, e até saiu ao intervalo, dada a fraca prestação do primeiro tempo.

Para valorizar

Ficou demonstrado que a Áustria só podia melhorar se saísse do sistema de três centrais em que o jogador mais recuado (!) era Alaba. O ex-Bayern Munique e futuro jogador do Real Madrid alinhou esta segunda-feira na sua posição mais normal, de defesa esquerdo (embora nos bávaros tenha sido sobretudo central), soltando-se muito mais para o ataque. No entanto, o futebol não se joga só para um lado, e Alaba não esteve mal, no geral, nos duelos com Yarmolenko, capitão e principal jogador da seleção ucraniana. Mas o destaque é mais abrangente e vai mesmo para a mudança que a equipa apresentou em cima da alteração tática promovida.