Chama-se “Alerta de Ocupante Traseiro”, no caso da Ford, mas há mais construtores no mercado, como a Kia ou a Hyundai, que oferecem um aviso que pode salvar a vida dos mais pequenos ou de animais que viajam no banco de trás. Isto porque, relembra o construtor norte-americano, “todos os anos, crianças e animais de estimação sofrem insolações fatais depois de os condutores os deixarem esquecidos dentro dos automóveis, onde as temperaturas podem rapidamente exceder a temperatura exterior”.

“Rapidamente” é mesmo depressa. Para o demonstrar, a marca da oval azul encomendou uma obra especial a um escultor de gelo, pedindo-lhe que esculpisse um bebé e um cão. Para o primeiro, o artista optou por criar um bebé de 12 meses, que até teve direito a chucha e a um brinquedo, enquanto o canídeo foi representado por um Labrador, com a respectiva coleira. Num e noutro caso, expostos a uma temperatura exterior de 35°C, bastaram 19 minutos para que a temperatura no interior do carro ultrapassasse os 50°C e as criações começassem a derreter rapidamente.

A realidade não anda muito longe desta simulação realizada em Colónia, na Alemanha.

A temperatura das crianças aumenta três a cinco vezes mais depressa do que a dos adultos. Mostrar a rapidez com que um bloco de gelo pode ver-se reduzido a uma poça de água demonstra, realmente, os riscos que os condutores correm quando deixam uma criança num automóvel”, alerta a médica de família Arianna Lopes Vieira, que trabalha em Londres.

Mas, acrescenta a especialista, “a morte de uma criança não tem paralelo pelo impacto que causa na família, nos amigos e na comunidade em geral, sendo que, neste caso, pode ser facilmente evitada”, referindo-se à tecnologia que impede até os mais distraídos de sacrificar, ainda que inadvertidamente, outras vidas.

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Como a radiação de ondas curtas entra pelas janelas, reflectindo-se nos bancos e no tablier do veículo, a temperatura no interior do carro aumenta muito depressa. E isso pode ser fatal para crianças ou animais. Diz a Ford que, “entre 2009 e 2018, a Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA) registou 64.443 incidentes relacionados com animais devido à sua exposição ao calor, em Inglaterra e no País de Gales”. E a RSPCA Austrália é peremptória a afirmar que um cão, nestas condições, pode morrer em apenas seis minutos. No caso das crianças, também há risco de morte após episódios de hipertermia, pois a temperatura corporal dos mais pequenos “sobreaquece três a cinco vezes mais depressa do que a de um adulto”.

Oficialmente já no Verão, com a particularidade de serem esperadas mais deslocações de carro nesta estação devido às limitações impostas pela pandemia, a Ford recorda as vantagens do seu “Alerta de Ocupante Traseiro”. Não há nada como verificar se não ficou “nada lá atrás”, depois de sair e antes de trancar o carro, mas a tecnologia pode dar uma ajuda.

Nos veículos equipados com este “auxiliar de memória”, sempre que a porta de trás tenha sido aberta no início de uma deslocação, o sistema regista que deve ir “alguma coisa” no banco traseiro. Por isso, sempre que o modelo em causa pára e a ignição é desligada, o sistema não se esquece de lembrar o condutor, exibindo no ecrã central um alerta visual durante 10 segundos, acompanhado de um aviso sonoro, para recordar que convém verificar os bancos traseiros antes de abandonar a viatura. Esta funcionalidade é igualmente útil para avisar que, nos bancos de trás, podem ter sido colocados objectos de valor – um portátil, por exemplo – que eventualmente o condutor não quer deixar expostos aos olhares dos amigos do alheio.

Em 2019, a Ford comprometeu-se a equipar todos os seus veículos de passageiros com o alerta do banco traseiro até 2025. Neste momento, na gama europeia, esta tecnologia está disponível nos modelos EcoSport, Fiesta, Focus, Galaxy, Kuga, Mondeo Hybrid, Puma, S-MAX, Transit,  Tourneo Connect e também no novo Mustang Mach-E.