A Nikola surgiu a todo o gás, prometendo tecnologia para a produção de baterias e de fuel cells, para nos intervalos se “atirar” à Tesla, acusando-a de copiar os seus camiões. E tudo corria bem, pois assinou parcerias importantes com a GM, para os EUA, e com a Iveco, para a Europa, para produzir camiões e pick-ups, consoante o caso. Mas foi apanhada a mentir no vídeo promocional que potenciou o seu lançamento em bolsa. Nesse filme, alegou que o camião se deslocava pelos seus próprios meios, com a tecnologia propriedade da empresa, mas veio a descobrir-se que, afinal, era apenas uma maquete filmada numa descida.

O CEO e principal accionista da Nikola foi afastado, as acções deram um mergulho impressionante e o sentido de humor que caracterizava a empresa desapareceu. A GM ainda foi a tempo de roer a corda em relação ao acordo que tinha assinado, mas a Iveco decidiu avançar com o seu camião eléctrico. Sem dúvida, por ter recebido as necessárias garantias do que restou da Nikola.

A base para o camião eléctrico da Iveco é o S-Way, o mais recente e sofisticado veículo pesado da marca, que serve igualmente as restantes marcas do grupo CNH, respectivamente a Case, Magirus e New Holland, além da Iveco. O acordo com a Nikola é também vantajoso para esta, uma vez que poderá igualmente utilizar o S-Way para fabricar o Nikola Tre, o camião eléctrico da casa, que terá ainda uma versão em que troca as baterias para armazenar a energia, por umas fuel cells para produzir a electricidade a bordo.

Após o Iveco a bateria, que surgirá ainda este ano a partir da fábrica em Ulm, na Alemanha, os italianos lançarão depois uma versão a célula de combustível de hidrogénio em 2023, em paralelo com o Nikola Tre. Terá configurações 4×2 e 6×2, com baterias de 720 kWh e potências de 653 cv. Além das baterias, relativamente pouco volumosas e pesadas para um camião de longo curso, o Iveco a hidrogénio terá ainda depósitos de 40 a 80 kg para armazenar este gás a 700 bar, para alimentar as fuel cell. O camião da Iveco, com estas especificações, será assim capaz de recarregar de hidrogénio em 15 minutos, para depois poder percorrer mais 800 km, surgindo como uma proposta mais versátil do que os veículos pesados exclusivamente a bateria.

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