A vida de José Mourinho vai mudar com o regresso à Serie A, numa aposta feita pela Roma que já se começa a fazer sentir nas ruas (literalmente, como se pode ver no mural pintado por Harry Greb em Testaccio que coloca o técnico português a conduzir uma vespa) e que ganhou ainda mais impacto com a contratação de Maurizio Sarri por parte da Lazio, mas enquanto não começa a nova aventura depois do Tottenham o treinador continua a seguir de perto o Campeonato da Europa – e com preocupações em relação ao caminho de Portugal.

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“Para mim a França ainda é uma das equipas favoritas neste Europeu. Um mau resultado frente à Hungria, num estádio de Budapeste completamente cheio, não muda isso. Mas estou preocupado com Portugal”, escreveu o português na habitual crónica que tem vindo a escrever neste Campeonato da Europa para o The Sun.

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“Nós [Portugal] podemos ganhar ou empatar amanhã [quarta-feira], mas a França tem mais poder e, sim, estou preocupado. Se Portugal perder e terminar com apenas três pontos, temos de tirar as calculadoras para fora. A Alemanha impressionou-me contra Portugal e eles não jogaram mal contra a França. Pode surpreender porque fez uma qualificação muito pobre, embora a alto nível eles não sejam realmente uma surpresa”, referiu ainda a propósito do duelo entre campeão europeu e mundial e sobre as ambições da Mannschaft que também faz parte do grupo F, antes de analisar os restantes grupos e o rendimento de mais duas seleções candidatas.

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“A Itália está confiante e feliz, é uma equipa para respeitar e temer. A Bélgica está muito sólida. Já a Espanha encontra-se numa situação difícil. Dois jogos em casa, dois pontos. Não conseguiram superar a Suécia e a Polónia, controlaram os jogos mas não foi fácil marcar. Vão defrontar a Eslováquia a seguir e acredito que vão qualificar-se com cinco pontos”, vaticinou José Mourinho, num resultado que também será acompanhado pela Seleção Nacional caso termine o grupo F na terceira posição e entre depois em confronto pelo apuramento.

Já no habitual comentário à rádio talkSPORT, o treinador português analisou de forma mais aprofundada o jogo com a Alemanha, admitindo mesmo que, perante, o que se passou, o resultado acabou por ser lisonjeiro.

“Acho que tivemos sorte por perder apenas 4-2. Estiveram muito melhor do que nós, taticamente criaram um problema que não conseguimos resolver. Jogaram o jogo todo usando a estratégia de atrair Portugal para o lado direito, para depois virar o jogo rapidamente para o lado esquerdo, onde o Gosens estava completamente sozinho, porque o Semedo tinha de fechar dentro. A equipa não foi capaz de resolver este problema nos 90 minutos e mesmo quando estava a ganhar 1-0 a Alemanha foi sempre superior e nunca senti que íamos ganhar o jogo. Nunca acreditei nisso. Há uma discussão em Portugal sobre como é que se pode jogar um jogo destes e fazer apenas cinco faltas, o que mostra claramente que não houve agressividade, mas não houve porque nós nem chegámos perto dos jogadores deles, nunca controlámos a dinâmica deles”, comentou, antes de focar atenções sobre as exibições menos conseguidas de Bruno Fernandes e os três golos e uma assistência de Ronaldo.

“Portugal também pode pontuar frente à França, a este nível Portugal pode ganhar a qualquer equipa. Mas para isso precisamos de jogar com 11 jogadores, nestes dois jogos o Bruno Fernandes esteve em campo mas não jogou. Precisamos que os bons jogadores rendam e não que estejam em campo. Espero que ele melhore frente à França. É um jogador com um potencial enorme, pode passar, marcar, ganhar penáltis, marcar penáltis, marcar livres… Portugal tem jogadores muito bons tecnicamente e precisamos dessa ligação. Ronaldo? Fisicamente está em grande forma, mudou a forma de jogar, já não é um extremo, claramente agora é um 9. Corre menos, é muito inteligente a gerir o jogo, é um finalizador, em duas oportunidades marca um ou dois golos. E, claro, continua muito bem fisicamente e continua a usar isso muito bem”, acrescentou o português de 58 anos.