Enviada especial do Observador em Budapeste, Hungria

Portugal fez duas alterações à própria rotina desde a derrota contra a Alemanha: passou a treinar à tarde e não ao final da manhã, principalmente devido ao intenso calor que se faz sentir por estes dias em Budapeste, e optou por realizar o último treino de preparação para o confronto com França ainda no complexo desportivo do Vasas SC e não no relvado do Puskás Arena. Apesar disso, existe um pormenor que a Seleção Nacional não alterou: o facto de, nas vésperas dos jogos, falar sempre uma das grandes figuras da equipa na conferência de imprensa de antevisão.

Antes da partida contra a Hungria, foi Cristiano Ronaldo. Antes da partida contra a Alemanha, foi Rúben Dias. E antes da partida com França, esta terça-feira, foi Pepe. O central do FC Porto garantiu que a equipa tem consciência de que o jogo contra os franceses “vai ser muito difícil”. “Vamos procurar estar da melhor maneira possível para poder corresponder à expectativa de todos e conseguir o nosso objetivo, que é apurar-nos. Portugal tem de ser o que costuma ser sempre, uma equipa muito solidária e aguerrida dentro de campo, pondo sempre em prática o que o nosso selecionador nos pede, sabendo que vamos defrontar uma grande seleção mas que também temos as nossas armas. Vamos demonstrar o que temos vindo a demonstrar nestes anos todos na Seleção”, explicou.

“Começámos bem mas é preciso pôr os pés no chão e entender que temos de estar ainda melhor”, reconhece Rúben Dias

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Depois do jogo contra a Alemanha, a equipa estava muito triste. Fizemos todos uma análise individual e depois com o selecionador. Estamos com uma vontade tremenda de demonstrar o nosso real valor. A equipa está bem, preparou-se bem e deseja que chegue o jogo de amanhã para pormos em prática o que somos”, disse Pepe, que recordou em seguida que, “em nove pontos possíveis, Portugal pode fazer seis “num grupo extremamente difícil”. “Pode parecer que estamos mal mas não estamos assim tão mal. Fizemos um jogo mau, é um facto, mas o futebol dá-nos essa oportunidade de fazer melhor no jogo seguinte. É contra uma equipa difícil, é verdade, mas vamos dar o nosso melhor”, garantiu o jogador.

Questionado sobre o que falhou no setor defensivo português — que nunca tinha sofrido quatro golos desde que Fernando Santos assumiu o comando da equipa, em 2014 –, Pepe sublinhou a importância de realçar o coletivo. “Quando se ganha, ganhamos todos, quando se perde, perdemos todos. Essa é a força do nosso grupo. Para o jogo com França, o que é preciso é termos as linhas muito juntas, uma equipa solidária, que demonstrou o que é Portugal nos últimos anos. Com jogadores com qualidade e trabalhando em prol da equipa. Foi isso que nos fez ser uma seleção respeitada na Europa. Contra a Alemanha, tenho uma imagem clara e vou partilhar: quando o lateral esquerdo da Alemanha ganhava um canto, ele vibrava, o que demonstra o querer que eles tinham para ganhar à seleção portuguesa. Temos de igualar essa vontade para seguirmos a nossa caminhada e conseguirmos os nossos objetivos”, atirou o central do FC Porto.

“Ganhando o jogo, estamos classificados. De nove pontos possíveis, podemos fazer seis neste grupo… Vamos com calma, as coisas têm de ser ditas como elas são. Temos grandes possibilidades de ganhar o jogo, temos capacidade e jogadores para isso, e juntando tudo isso ao trabalho estaremos no caminho certo para ganhar à França”, terminou Pepe, que ainda explicou que o segredo para ainda estar ao mais alto nível aos 38 anos é ser “um privilegiado”. “Amo aquilo que faço, sou um privilegiado por fazer o que mais amo. Levanto-me todos os dias com o maior prazer”, disse.