O primeiro encontro entre Suécia e Polónia na fase final de um Europeu foi já o 27.º (!) entre as duas equipas, com o primeiro jogo a acontece no longínquo ano de 1922. Para a tarde desta quarta-feira existia uma dúvida principal: mantêm-se, ou não, as tendências. É que a Polónia somou apenas derrotas frente aos suecos desde 1991, num total de sete jogos. Além desse dado, a equipa liderada por Paulo Sousa, e desde que tem o português ao leme, apenas venceu um jogo, frente a Andorra, em sete encontros já disputados este ano. A Suécia, por seu lado, ainda não tinha perdido em 2021.

Ainda as duas equipas não tinham “entrado” no jogo e já os suecos continuavam as tais tendências, com Forsberg a marcar sensivelmente ao minuto e meio do jogo. Em vantagem e com o primeiro lugar do Grupo E à vista, os homens da Suécia acabaram por recuar um bocado linhas, com os polacos a chegaram ao fim da primeira parte com oito cantos, um remate perigoso de Zielinski e uma jogada que Lewandowski nunca falharia, mas falhou hoje… Canto da direita e o avançado do Bayern Munique, de cabeça, acerta na trave. Corre para a bola e na recarga, novamente de cabeça, pertíssimo da baliza, acerta de novo na trave. A bola cai na relva, “embrulha-se” nas pernas de Lewandowski e os suecos resolvem, como resolveram quase sempre.

É verdade que houve muito pontapé para o ar da Suécia, mas os polacos (mais uma vez) revelaram falta de qualidade no seu jogo. E, apesar dos oito cantos na primeira parte, os cruzamentos dos jogadores da Polónia foram invariavelmente infrutíferos.

Aqui temos de voltar novamente a Lewandowski. O vencedor do último “The Best” da FIFA, ou seja, o melhor jogador do mundo, e último Bota de Ouro, tem de ser servido com qualidade. Sem ser o lance estranho das duas bolas na trave, o dianteiro teve um remate digno desse nome. De resto, Lewandowski limitou-se a olhar para a cima, vendo a bola a ir recorrentemente de um lado ao outro da área. Assim, mesmo com Lewandowski, é complicado fazer golos.

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O arranque da segunda parte trouxe um jogo melhor, com a Polónia a entrar mais acutilante, mas também a dar mais espaço à Suécia, o que acabou por dar oportunidades de golo a ambas as equipas. Quem não tinha chances, no entanto, foi Isak, avançado sueco que segundo Paulo Sousa “é um dos melhores jogadores da Europa no que toca ao contra-ataque”.

No entanto, talvez Paulo Sousa não estivesse à espera de Kulusevski. O avançado da Juventus conduziu um contra-ataque (e não Isak) e soltou à entrada da área para Forsberg, que com classe bisou no encontro. A Polónia reduziria a desvantagem logo de seguida porque, lá está, para Lewandowski bastam bolas medíocres para transformar em golo. Lançado por Zielinski (provavelmente o médio polaco mais evoluído), o craque do Bayern Munique, à esquerda da área, vira-se de frente para a baliza e remata ao ângulo oposto. E já dentro dos últimos dez minutos, na cara do guarda-redes, voltou a não facilitar, e fez o empate. Os polaco lançaram-se novamente no ataque (Olsen negou o hat-trick a Lewandowski), visto que só a vitória interessava, mas não conseguiram dar a volta, não só à eficácia sueca – Claesso até fez o 3-2 nos descontos -, como também aos seus próprios problemas e limitações.

“Para nós é como uma final. Temos trabalhado muito desde o primeiro dia do nosso estágio para nos prepararmos”, disse Paulo Sousa antes do jogo. Pois bem, esta final não correu de feição, com a Polónia a manter-se fiel à história dos últimos 30 anos. Ou seja, não ganha à Suécia. Do lado dos nórdicos, a história já estava escrita, conseguindo passar da fase de grupos do Euro pela primeira vez desde o Euro 2004, em Portugal.

O jogo a três toques

Para recordar

Forsberg é, sem muitas dúvidas, o jogador mais evoluído da Suécia. Isak, tal como avisou Paulo Sousa, é perigoso no contra-ataque, mas é nos pés do jogador do Leipzig que a bola é “mais redonda”. A Suécia não pautou pela bola curta, mas quando aconteceram oportunidades, Forsberg esteve lá para fazer dois golos. O primeiro, a aproveitar um deslize polaco logo ao minuto e meio de jogo, e o segundo, à entrada da área, com muita classe. Saiu a quinze minutos do fim para um merecido aplauso.

Para esquecer

A Polónia sai do Euro com um ponto conquistado, que até foi contra a Espanha, mas acabou por justificar na maioria do tempo ter ficado no último lugar do Grupo E. A equipa não ganha há seis jogos, pelo que e desde que Paulo Sousa tomou conta da equipa, em janeiro, apenas venceu um jogo. Mas isso até estava para trás e a Polónia partia, como todas as equipas, com uma tela em branco para o Euro. Contudo, e mais uma vez como ficou demonstrado hoje, os polacos não tiveram a arte necessária para pintar com outras cores as suas exibições. Lewandowski foi eleito o melhor do mundo, mas não pode passar um jogo inteiro a ver cruzamentos irem de um lado ao outro da área. Marcou dois golos, mas não chegou. E, acima de tudo, os bons momentos da Polónia não foram a regra, mas sim a exceção.

Para valorizar

Sai do Euro 2020 o último Bota de Ouro e o mais recente vencedor do prémio de melhor jogador do Mundo: Lewandowski. Com dois golos esta quarta-feira, um dos quais praticamente inventado pelo avançado, deixa a competição com três golos em três jogos, demonstrando, claro está, não ter a melhor ajuda para explanar todo o seu jogo e, principalmente, acertar mais vezes na baliza.