Se há coisa que não se pode dizer da equipa húngara e da sua prestação no Euro 2020 é que não tentaram com tudo o que tinham. O que os jogadores da Hungria fizeram na noite desta quarta-feira, frente à Alemanha, e sobretudo na primeira parte, foi de uma vontade imensa. Que correria. Que capacidade de chegar às segundas bolas quase sempre em primeiro ou, pelo menos, para atrapalhar os alemães.

Para não variar, Gulácsi mostrou-se também seguríssimo na baliza húngara, mas os adeptos da Hungria tiveram problemas de respiração algumas vezes durante o primeiro tempo, é verdade. Mas, tal como não se calaram, nunca, também os seus rapazes não pararam de correr. A dada altura, Ginter, central alemão, estava a jogar a médio direito, e Hummels e Rüdiger, os outros centrais, jogavam muitos metros à frente do meio-campo.

Como que contra a corrente, apesar de tudo, a Hungria chegou ao golo. Sallai, o mais criativo da equipa, descobriu o avançado Szalai entre os centrais, e colocou a bola de regra e esquadro. O homem-golo mergulhou e fez um belo golo de cabeça, concretizando a surpresa logo aos 20 minutos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Depois, os húngaros lá aguentaram até ao intervalo, até com alguma sorte (também é precisa nestes momentos), visto que Hummels, num cabeceamento, acertou na trave. O jogo chegou então ao intervalo e no início do segundo tempo houve uma tendência que se manteve: ao contrário do que aconteceu com Portugal, Gosens esteve completamente tapado.

Também no segundo tempo, começou a loucura no jogo. Após saída em falso de Gulacsi (que tem sido fantástico), Havertz empatou para os alemães. Mas, depois, nova surpresa. Na saída de bola, a Hungria conseguiu colocar a bola em Szalai, em boa posição, que “picou” para a desmarcação de Schäfer (que jogão). De cabeça, e após saída de Neuer, fez o 2-1. Os centrais alemães, a olhar não se sabe bem para onde a marcar não se sabe bem quem, ficaram muito mal na fotografia…

Após insistência, os “corredores” húngaros lá quebraram, com Goretzka a apurar definitivamente os alemães, já aos 84 minutos, fazendo o empate. Já quase no final, o barulho passou a ser alemão, mas, em dia de eliminação, tira-se o chapéu aos adeptos e aos jogadores húngaros, que acabaram o jogo esgotados. A insistência quebrou quem mais correu, com os do costume a serem os do costume, depois de uma longa corrida à volta dos húngaros. O futebol é onze contra onze e, no fim, passou a Alemanha…

O jogo a três toques

Para recordar

Empatar com a Alemanha não é um mau resultado, mas não chegou para a Hungria se apurar. No entanto, o que há a recordar do jogo desta quarta-feira é a forma com os jogadores húngaros se deram ao jogo. Na primeira parte, parecia que chegavam primeiro a todas as segundas bolas, apesar da insistência alemã. Na segunda parte, não foram abaixo com o golo alemão e, para uma surpresa ainda maior, fizeram o 2-1 logo na bola de saída. Quebraram, mas caem de pé.

Para esquecer

Para criticar o lado esquerdo alemão é preciso enumerar culpas. Primeiro, a culpa de Gosens, por ter feito um jogo monstruoso contra Portugal, com culpas também dos portugueses, que o deixaram jogar muito. Depois, Marco Rossi deve ter visto atentamente o Alemanha-Portugal, negando qualquer hipótese ao ala esquerdo da Atalanta, que trazia com ele grandes expetativas depois do encontro frente à equipa portuguesa.

Para valorizar

É complicado destacar e valorizar apenas um jogador húngaro, mas com um golo e uma assistência, Ádám Szalai é o homem do jogo para a sua equipa, pelo menos no que à estatística diz respeito. Deu-se muito ao jogo, fisicamente, não descurando o futebol jogado, tentando dar linhas de passe aos colegas sempre que possível. Bom jogo do avançado. Do lado alemão também é preciso falar de um jogador: Kimmich. Começou como ala direito, a dada altura jogou quase como extremo\avançado, na segunda parte salta para o centro do terreno e acaba a defesa central. A polivalência não vale de nada sem qualidade, que Kimmich tem em abundância e mostra em qualquer posição do terreno.