A promessa de casamento entre duas crianças de 13 anos tinha sido feita pelas famílias de ambas. Só que o pai da noiva acabaria mais tarde por recuar e desfazer a promessa — o que a família do noivo não aceitou. Por isso, no primeiro fim de semana de junho, invadiram a casa da criança na cidade de Leiria e raptaram-na “no intuito de a constrangerem a casar com o rapaz e a manter relacionamento sexual”, informa a Polícia Judiciária (PJ) num comunicado emitido esta quarta-feira.

Para levarem a cabo o rapto, os suspeitos — mãe, pai e irmãos do noivo — terão disparado contra o pai da menor, provocando danos em vários bens, “nomeadamente numa casa de habitação e numa viatura”.

“Usando grande violência, os suspeitos terão raptado a menor, no intuito de a constrangerem a casar com o rapaz e a manter relacionamento sexual, acabando a vítima por ser libertada, no dia seguinte, pelos presumíveis raptores”, referiu a PJ num comunicado emitido esta quarta-feira.

A vítima acabou por ser “libertada, no dia seguinte”, sendo levada pelos familiares do noivo até à sua casa. Os abusos sexuais não chegaram a acontecer, garante fonte da PJ ao Observador. Os cinco presumíveis raptores, familiares do noivo, foram detidos na madrugada desta terça-feira. Todos eles ficaram em prisão preventiva, apurou o Observador junto de fonte ligada à investigação.

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O caso foi e continua a ser investigado pelo Departamento de Investigação Criminal de Leiria e pela Diretoria do Centro da PJ. Os cinco indivíduos, três homens de duas mulheres com idades entre 26 e 51 anos, que vivem na Marinha Grande, são suspeitos dos crimes de rapto, tentativa de homicídio, abuso sexual de criança e danos com arma de fogo — a PJ localizou e identificou ainda um sexto indivíduo com ligação aos crimes. Não têm ocupação laboral conhecida e todos têm antecedentes policiais, alguns deles criminais.

[Atualizado às 19h20 com a informação de que os cinco suspeitos ficaram em prisão preventiva]