Os sindicatos que compõem a Frente Sindical e a Comissão de Trabalhadores (CT) da Meo vão concentrar-se na próxima sexta-feira junto à sede da Altice Portugal, em Lisboa, contra o despedimento coletivo de cerca de 300 pessoas.

Na terça-feira, a Altice Portugal confirmou que vai dar início, “nas próximas semanas“, a um processo de rescisões de contratos de trabalho através de despedimento coletivo, no âmbito do Plano Integrado de Reorganização, que abrange cerca de 300 pessoas.

Numa nota enviada esta quarta-feira às redações, os sindicatos da Frente Sindical e a CT da Meo adiantam que “vão realizar uma concentração de ativistas sindicais na Avenida Fontes Pereira de Melo, nº 40, em Lisboa (à entrada Norte do edifício Picoas), no próximo dia 25 de junho“, entre as 12h00 e as 13h30, “como forma de protesto pela decisão da Comex [Comissão Executiva] da Altice Portugal da tentativa de um despedimento coletivo”.

Esta ação, adianta, “pretende divulgar as formas de Luta que vão ser travadas pelos trabalhadores e seus representantes no mês de julho e que visam travar o despedimento coletivo anunciado pela Gestão da Altice”. Também esta quarta-feira em comunicado, a CT da Meo apontou que os trabalhadores “não podem ser ‘armas de arremesso’ da gestão”, na sequência do despedimento coletivo anunciado.

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“Todos estamos recordados que a Altice foi multada pela Comissão Europeia por assumir o controlo da PT Portugal sem autorização dos reguladores” e que “o valor da multa é de 125 milhões de euros (a empresa recorreu e aguarda decisão)”, bem como que a Autoridade da Concorrência (AdC) multou a Meo em 84 milhões de euros por combinação de preços e repartição de mercados nos serviços de comunicações móveis e fixas com a Nowo (a empresa recorreu da decisão para o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão e aguarda decisão)”, refere a CT.

Além disso, “todos conhecemos os argumentos de uma regulação hostil (Anacom e AdC) que tem prejudicado deliberadamente a Meo e retirado à empresa milhões de euros, com a cobertura da tutela (Governo) que tem falta de visão estratégica para o país”, prossegue a CT da operadora.

Agora, “o que todos não aceitam é que erros ou inabilidades sejam pagos pelos trabalhadores e que estes possam ser usados como arma de arremesso contra reguladores e Governo devido a Altice afirmar que há um contexto adverso no setor das comunicações eletrónicas”, critica.

A Comissão de Trabalhadores da Meo lamentou que a decisão de despedimento tenha sido apresentada na terça-feira como “um facto consumado“, adiantando que apesar da Altice Portugal ter dito que poderá abranger “cerca de 300 trabalhadores, não informaram o número certo” de colaboradores afetados, “nem quais as empresas envolvidas”. A CT salienta que foi informada que a administração pretende que “o processo avance antes do final” deste mês.

“Armando Pereira, em 2015, quando a Altice comprou a PT Portugal, garantiu que não haveria despedimento na empresa e agora seis anos depois somos confrontados com este pesadelo“, aponta a CT, acrescentando que já foi pedida “uma reunião com caráter de urgência” ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, “para pedir a intervenção da tutela contra a destruição de emprego com direitos na Altice Portugal“.

Esta é a primeira vez que a Altice Portugal avança para um despedimento coletivo. As saídas voluntárias no âmbito do Programa Pessoa totalizaram as 1.100 este ano.