“Velocidade Furiosa 9”

Quando começou, faz agora 20 anos, com o filme original de Rob Cohen, “Velocidade Furiosa” era uma série de fitas que misturava a ação policial com as corridas de caros ilegais. Duas décadas e lucros colossais depois, e chegada ao nono filme, “Velocidade Furiosa” quer emular, em simultâneo, James Bond, Missão: Impossível e as produções de super-heróis, com comédia à mistura. E fá-lo à custa de uma espectacularidade desabrida, mastodôntica e insondavelmente inverosímil, em que pessoas, máquinas e situações violam da forma mais descarada todas as leis da Física, e as personagens principais gozam de uma invulnerabilidade a mísseis, balas, minas, explosões (até mesmo no espaço sideral!), desastres de automóvel, camião, moto e quedas das mais variadas alturas, que faria inveja ao Super-Homem. “Velocidade Furiosa 9” são duas horas e meia de acção arrasa-quarteirões tão descerebrada como massacrante, com os canastrões e canastronas do costume no elenco e nomes como Helen Mirren ou Kurt Russell em “pontinhas” (esperemos que muito bem pagas).

“Playlist”

Rodada a preto e branco, a primeira longa-metragem da realizadora francesa Nine Antico é uma comédia romântica com a consistência do papel vegetal, e muitos tiques visuais e musicais dos filmes “indie” americanos. “Playlist” centra-se em Sophie (a patusca Sara Forestier) uma rapariga parisiense que partilha um apartamento com uma amiga advogada, serve à mesa num restaurante, anda sempre a contar os tostões, ambiciona ser autora de banda desenhada e acaba por arranjar um emprego numa editora da especialidade, enquanto procura um namorado que lhe agrade. Este filme de Nine Antico pode ser comparado aos desenhos da sua personagem principal: tem coisas promissoras e alguns apontamentos de estilo pessoal, mas falta-lhe ainda muita coisa para ser inteiramente satisfatório. Laetitia Dosch é bastante divertida na amiga e colega de Sophie que quer ser atriz mas não consegue sair da cepa torta.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Colectiv — Um Caso de Corrupção”

Distinguido com múltiplos prémios em todo o mundo, incluindo Melhor Documentário Europeu em 2020, e nomeado para os Óscares de Melhor Filme Internacional e Documentário de Longa-Metragem, “Colectiv — Um Caso de Corrupção”, de Alexander Nanau, parte de um incêndio que devastou a discoteca Colectiv, em Bucareste, em Outubro de 2015, durante um concerto de rock, que matou 27 pessoas e feriu 180, para mostrar a investigação levada a cabo pelos jornalistas da “Gazeta Sporturilor” um diário desportivo da capital romena. Estes descobriram que a morte posterior de 37 dos feridos da discoteca internados em hospitais se deveu a um desinfetante diluído e adulterado pela empresa fornecedora, e expuseram a corrupção endémica no sistema de saúde público da Roménia, levando à queda do governo do Partido Social Democrata. “Colectiv — Um Caso de Corrupção” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.