São histórias que já vimos mil vezes noutros sítios, mas que são repetidas até à exaustão exatamente porque a fórmula funciona. Um casal perfeito que tem de passar por uma verdadeira prova de obstáculos (com pretendentes invejosos, mentiras e intrigas) para chegar ao final feliz ou uma versão mais realista do amor, onde nenhuma relação é de conto de fadas. O cenário é irrelevante. Desde que haja um bom velho romance, com personagens pelas quais torcemos desde o início ou que nos fazem lembrar alguma coisa das nossas respetivas vidas, ficamos rendidos deste lado do ecrã.

Pode até haver conteúdos muito mais interessantes ou inovadores para ver mas, de vez em quando, o cérebro tem de desligar e precisa mesmo é de qualquer coisa que não exija demasiado esforço mental. Entram em cena Mel e Jack, o casal de “Virgin River” que parece estar sempre com timings diferentes; as amigas de “The Bold Type” que vivem uma versão millennial de “O Sexo e a Cidade”; ou “Bridgerton”, que vai ter de reinventar tudo com a saída da personagem mais emblemática, o duque.

O Observador juntou oito séries lamechas com todos os clichés a que temos direito. Todas têm novos episódios a caminho ou acabados de estrear.

“Virgin River”

Netflix

Um veio de “Anatomia de Grey”, a outra de “This Is Us”. As caras são conhecidas e estão agora em “Virgin River”, uma das séries dramáticas de maior sucesso dos últimos anos. Mel (Alexandra Breckenridge) é uma enfermeira que deixa a cidade para esquecer uma antiga vida que acabou de forma trágica. Nesta terriola no meio do nada, onde toda a gente se conhece, todos os caminhos vão dar ao bar de Jack (Martin Henderson).

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É fácil prever a paixão que vai ligar os dois mas, como em qualquer bom romance, muita coisa vai estar no caminho deste amor. Mel tem dificuldade em seguir em frente, Jack tem assuntos do passado (alguns bem presentes) para resolver. Com este vai e vem chegamos à terceira temporada, que estará inteiramente disponível a 9 de julho.

“As Inseparáveis”

Netflix

Estreou em fevereiro deste ano e, com meio mundo fechado em casa devido à pandemia, rapidamente chegou ao topo das séries mais vistas. Por isso, a Netflix tratou de garantir uma segunda temporada, que está prevista para 2022. A história baseia-se no livro com o mesmo nome de Kristin Hannah e acompanha Tully (Katherine Heigl), a exagerada, e Kate (Sarah Chalke), o patinho feio, desde a adolescência até chegarem aos 40 anos. Muita coisa muda na vida de cada uma mas a amizade que as une é aquilo que as faz aguentar as fases más.

Apesar de “As Inseparáveis” ser essencialmente uma série sobre amizade, a vida amorosa das duas amigas ocupa um lugar central. Há desgostos de miúdas, paixões não correspondidas, relações que não vão a lado nenhum. Os clichés estão lá todos e, não vale a pena negar, são viciantes.

“Love Life”

HBO

Encontrar a alma gémea é um conceito que não se encaixa em “Love Life”. Aqui a visão do amor é menos romântica, não há um casal protagonista que terá obrigatoriamente de ficar junto. Em vez disso, vemos Darby (Anna Kendrick) a passar por uma data de relações falhadas até encontrar a pessoa certa no momento certo.

A segunda temporada está confirmada mas não deverá chegar antes de 2022. Também não será uma continuação da história de Darby. O protagonista passa a ser William Jackson Harper (Chidi em “The Good Place”), um homem que está a sair de um relacionamento longo e que tem de perceber como volta a procurar uma coisa que achava já ter encontrado, um amor para toda a vida. Até lá, é possível ver ou rever os 14 primeiros episódios.

“The Bold Type”

Netflix

É uma espécie de “O Sexo e a Cidade”, versão millennials. Estamos em Nova Iorque e acompanhamos a vida de três amigas que trabalham numa revista feminina.

Causas LGBTQI+, assédio, consentimento, pressão das redes sociais, cancro — embora por vezes abordados de forma superficial, os temas mais atuais estão lá todos. Além disso, o que torna “The Bold Type” viciante são as reviravoltas e os desgostos das vidas amorosas de Sutton (Meghann Fahy), Kat (Aisha Dee) e Jane (Katie Stevens, que ficou inicialmente conhecida por participar em “American Idol” e que é filha de mãe portuguesa).

A quinta e última temporada da série estreou-se nos EUA no final de maio e deverá chegar à Netflix brevemente, embora ainda não haja data anunciada.

“Love, Victor”

Disney+

Esta série é para quem se lembra de suspirar com dramas adolescentes como “Dawson’s Creek”. A história de “Love, Victor” é semelhante e passa-se no mesmo universo de “Com Amor, Simon”, filme de 2018. Aqui a personagem principal é Victor (Michael Cimino), um miúdo latino-americano que tem de se adaptar a uma nova escola ao mesmo tempo que lida com as dúvidas em relação à sua orientação sexual.

A descoberta das primeiras paixões, as rivalidades e a popularidade conduzem a narrativa, cuja segunda temporada está disponível desde junho.

“Sweet Magnolias”

Netflix

Uma mistura de “Gilmore Girls” e “O Sexo e a Cidade” instala-se numa localidade pequena e pacata chamada Serenity. No centro da história estão três amigas que se juntam constantemente à volta de jarros de margaritas para despejarem os seus dramas pessoais.

Maddie (JoAnna Garcia Swisher) é aquela que abdicou de uma carreira para se dedicar aos três filhos e ao marido, médico, que acaba de trocá-la por uma enfermeira mais nova que entretanto engravidou. Helen (Heather Headley) é uma advogada bem sucedida que pensou demasiado na carreira e que percebe agora que a sua janela para poder ter filhos está a fechar-se rapidamente. Dana Sue (Brooke Elliott) é mãe solteira e tem o restaurante mais adorado da zona.

Como em qualquer drama passado numa localidade pequena dos Estados Unidos, há intrigas de café, mulheres invejosas que querem tramar as protagonistas, homens bonitos e solteiros que acabam de se instalar e que estão ali prontos para serem as grandes paixões das personagens principais.

“Sweet Magnolias” tem 14 episódios disponíveis e os novos capítulos chegam em 2022.

“Bridgerton”

Netflix

O sucesso de “Bridgerton” foi tanto e tão imediato que o projeto está garantido pelo menos até à quarta temporada. A primeira chegou no final de 2020 e nos primeiros 28 dias foi vista em 82 milhões de contas do serviço de streaming — passando a ser a série original da plataforma mais vista até à data.

Estamos em Londres, em 1813, e acompanhamos os Bridgerton. Nesta família aristocrática as mulheres têm mais voz e opinião do que é comum em qualquer outra casa mas o mais importante continua a ser casar bem as filhas, sobretudo Daphne (Phoebe Dynevor), a mais velha. Há muitos pretendentes e um misterioso duque (Regé-Jean Page), que parece completamente desinteressado por ela. Claro que é exatamente entre os dois que vai nascer uma paixão que terá inúmeros entraves. Tudo isto se passa entre festas, banquetes, bordéis, intrigas, segredos e passeios bucólicos.

As gravações da segunda temporada estão a decorrer e os novos episódios estão previstos ainda para 2021 — embora já sem o duque, que era a personagem mais adorada. Além de produzir “Bridgerton”, Shonda Rhimes (responsável por “Anatomia de Grey”) está a escrever uma prequela da história, que será igualmente para a Netflix.

“Love in the time of corona”

Disney+

Como é que se encontra o amor durante uma pandemia com confinamentos sucessivos e distanciamento social? E como é que se recupera a ligação de um casal perdida há muito no meio do caos de todos os dias? Será boa ideia isolar-se com um ex?

Esta minissérie de quatro episódios pega nos primeiros tempos da propagação da Covid-19 e transporta essas semanas confusas para quatro casas. As histórias mereciam mais capítulos para poderem desenvolver-se mas não deixa de ser fascinante ver como as coisas mudaram tanto desde que a pandemia começou.