No que respeita ao arranque no ¼ de milha, ou seja, de 0 a 402 metros com partida parada, qual será o mais rápido, o Bugatti Chiron com 1500 cv ou um F1 da Red Bull, com menos potência, mas ainda com menos peso? Não é fácil, nem necessariamente muito justo, comparar o melhor carro homologado para circular em estrada com o veículo mais rápido de competição, como é um F1, a disciplina que é considerada a rainha do desporto automóvel.

A Carwow montou este comparativo em que um Bugatti Chiron, de série e com pneus de estrada, enfrentou um F1 da Red Bull, decorado com as cores oficiais actuais, onde nem sequer faltava o patrocínio da Honda, que hoje fornece os motores. Contudo, não se deixe enganar pela decoração, pois estamos perante um Red Bull RB7, exactamente o modelo que levou Sebastian Vettel ao seu segundo título de campeão do mundo consecutivo, em 2011, dos quatro que conquistou, todos eles com a Red Bull/Renault.

Se, enquanto veículo, o Chiron não podia ser mais diferente de um F1, as diferenças ao nível da mecânica estão longe de ser menos evidentes. O hiperdesportivo francês é um coupé de dois lugares, tão luxuoso e sofisticado quanto potente. O motor ao seu serviço é o “enorme” 8 litros com 16 cilindros em W, soprado por quatro turbocompressores de dimensões mais que generosas, o que explica os 1500 cv de potência e os 1600 Nm de binário.

Face ao Chiron, o RB7 monta um 2.4 V8 atmosférico da Renault, o RS27, o motor que somou quatro campeonatos mundiais consecutivos. O pequeno V8, por comparação com o impressionante W16 da Bugatti, debita 750 cv e cinco vezes menos binário. Mas num desportivo nem tudo se reduz à potência, uma vez que o peso pode ajudar ou penalizar o conjunto, consoante seja baixo ou elevado.

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Com 750 cv para apenas 650 kg, o F1 parece estar em desvantagem face ao Bugatti, com os seus 1500 cv e 1995 kg, mas umas contas rápidas provam exactamente o contrário. Caso o F1 de Vettel tivesse o peso do Chiron, a potência do seu motor teria de atingir 2302 cv, para manter a mesma relação peso/potência. Isto equivale a mais 53% de potência, em igualdade de peso, o que atribui clara vantagem ao Red Bull.

Realizando os cálculos de outra forma, imaginando a potência do Chiron caso o seu peso fosse similar ao do RB7, mantendo a mesma relação peso/potência do Chiron, com 1,33 kg/cv, o Bugatti debitaria somente 489 cv, longe pois dos 750 cv do F1.

À clara vantagem do RB7 em termos de relação peso/potência, podemos ainda juntar a maior aderência dos pneus de competição que o F1 usa, apesar de a pista estar com muito poeira, pelo que o resultado final da prova de arranque é fácil de calcular. Impossível de imaginar, sem ouvir, é o gritar do V8 da Renault às 18.000 rpm.