A Índia conta oficialmente cerca de 390 mil mortes atribuídas ao novo coronavírus mas a contagem real será muito maior. Especialistas citados pelo The Wall Street Journal admitem que aos números oficiais se somem centenas de milhares de mortes que terão ocorrido devido à Covid-19 mas não foram registadas como tal. O número real pode superar um milhão de mortes, dizem estatísticos.

Esse foi o caso de uma senhora com 70 anos que morreu em casa, em abril, na região de Bihar. Nesse caso, contado pela reportagem do jornal financeiro norte-americano, a mulher tinha feito um teste rápido (anti-génio) que tinha dado positivo e também lhe foi feito um exame aos pulmões que apontou para uma pneumonia de origem viral.

Os médicos admitiram a “possibilidade de infeção pela Covid-19” mas a morte da mulher, que se chamava Shila Singh, acabou por não ser contabilizada pelos dados oficiais porque não chegou a ser feito um teste PCR à doente. E, por não ter sido oficialmente registada como uma morte por Covid-19, as famílias não conseguem aceder aos programas de apoio criados pelo governo indiano para intervir na pandemia.

Christopher Murray, diretor do Institute for Health Metrics and Evaluation, da Universidade de Washington, indica ao The Wall Street Journal que o modelo desenvolvido pelo instituto estima em cerca de 1,1 milhões de mortes o impacto real da Covid-19 na Índia, cerca de três vezes aquilo que é indicado oficialmente.

Mas pode ser ainda pior, a julgar por um outro modelo matemático criado por Murad Banaji, da Middlesex University de Londres. Para este estatístico, o número real de mortes deverá ser cinco vezes maior do que o que está nos dados oficiais, um cálculo feito a partir de dados sobre a mortalidade e estudos serológicos feitos na Índia.

A subestimação do número de mortos devido à Covid-19 não é, porém, um problema só da Índia. A Organização Mundial de Saúde admitiu no mês passado que a contagem real de mortes devido à pandemia poderá ser duas ou três vezes maior do que o número oficial.

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