O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou esta segunda-feira que suspensão da participação da Bielorrússia na Parceria Oriental da União Europeia (UE), um projeto que visa aproximar seis ex-repúblicas soviéticas do bloco, irá “aumentar ainda mais as tensões“.

“A Bielorrússia deu um novo passo atrás ao suspender a sua participação na Parceria Oriental”, escreveu Charles Michel numa mensagem na sua conta oficial da rede social Twitter.

O presidente do Conselho Europeu reagia assim ao anúncio, feito esta segunda-feira pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bielorrússia, de que o país iria suspender a sua participação na Parceria Oriental da UE, um projeto lançado em 2009 pela União Europeia com o intuito de “fortalecer e a aprofundar as ligações políticas e económicas” do bloco com a Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Moldávia e Ucrânia. Segundo Charles Michel, a decisão da Bielorrússia irá “aumentar as tensões” entre os dois blocos.

Isto irá aumentar ainda mais as tensões e ter um impacto claramente negativo no povo da Bielorrússia, ao privá-lo de oportunidades fornecidas pela nossa cooperação”, apontou o responsável.

Numa mensagem publicada pouco depois, o presidente do Conselho Europeu dirige-se ainda ao “povo da Bielorrússia” para afirmar que a UE se “mantém ao seu lado em solidariedade e com apoio prático“. Charles Michel relembra ainda que os bielorrussos têm o “direito de eleger o seu Presidente através de eleições novas, livres e justas”. “Ao regime do Presidente bielorrusso: coloque o futuro da Bielorrússia em primeiro lugar”, acrescenta Charles Michel.

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O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bielorrússia anunciou esta segunda-feira que o seu país estava a “implementar o procedimento de suspensão” das suas atividades na Parceria Oriental, após a UE ter introduzido novas sanções ao regime do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.

“Não podemos cumprir as nossas obrigações no âmbito deste acordo, tendo em conta as sanções e as restrições impostas pela UE”, lê-se no comunicado do ministério bielorrusso. Na mesma nota, o serviço de diplomacia bielorrussa acrescenta também que convocou o seu embaixador junto da UE para “consultas” e “convidou” o chefe de delegação da UE no país a regressar a Bruxelas para “transmitir aos seus dirigentes o caráter inaceitável das pressões e das sanções”.

Segundo Minsk, a suspensão da Parceria Oriental “afetará negativamente a interação com a União Europeia no domínio da luta contra a imigração ilegal e o crime organizado“. Os responsáveis europeus que participaram na elaboração das sanções contra a Bielorrússia também serão proibidos de entrar no seu território, indicou a mesma fonte.

“A Bielorrússia continua a preparar outras medidas de retaliação, nomeadamente de natureza económica. Esperamos que os responsáveis da UE e dos seus Estados membros estejam cientes da natureza destrutiva e da futilidade de uma abordagem beligerante nas relações com” Minsk, referiu ainda o ministério. Nos últimos meses, a UE tem introduzido sucessivos pacotes de medidas restritivas ao regime bielorrusso.

Mais recentemente, na passada quinta-feira, o bloco introduziu sanções económicas à Bielorrússia, que visam, entre outros, os principais bens de exportação da economia bielorrussa, como o comércio de produtos petrolíferos e, nomeadamente, o cloreto de potássio (“potassa”).

O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, aumentou a repressão contra os movimentos da oposição no país após as críticas às eleições que, em agosto de 2020, o reelegeram no cargo.