O CDS pediu ao Governo, mais precisamente ao Ministério da Administração Interna, um requerimento a solicitar esclarecimentos sobre o acidente na A6, que envolveu o carro oficial onde seguia Eduardo Cabrita e provocou a morte a um homem de 43 anos. Em declarações aos jornalistas no Parlamento, o líder parlamentar dos democratas-cristãos, Telmo Correia, considerou que é preciso “apurar e esclarecer” se as obras “estavam ou não a ser realizadas” e se “eram ao não percetíveis”, realçando que o Governo foi “desmentido” pela Brisa e pela empresa que estaria a realizar os trabalhos quando à sinalização das obras.

O CDS dirigiu-se diretamente ao ministro da Administração Interna para pedir que sejam esclarecidas as “circunstâncias do acidente”, nomeadamente “se o veículo seguiria ou não em excesso de velocidade”, pelo facto de o partido considerar que este facto “não é irrelevante”.

“Esta situação tem obviamente uma envolvente política, pelos protagonistas envolvidos nesta situação, mas não é de estrito debate político”, insistiu o deputado em declarações nos Passos Perdidos, na Assembleia da República.

Nuno atravessou a A6 e foi atropelado junto ao separador central. O acidente com o carro de Cabrita contado por quem estava no local

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Realçando que existem “outras vítimas” além do homem que morreu no acidente, Telmo Correira recordou que “os veículos do Estado são autosegurados” e não têm um “seguro normal” como os veículos do cidadão comum, sendo assim necessário perceber “se o Estado está ou não a assumir todas as responsabilidades, se a viúva e a família já foram contactadas, que apoio estão a ter e se o Estado pondera ou não, e em que termos, a indemnização”.

Também o Chega questionou o Governo relativamente ao acidente e pediu respostas “com a maior urgências possível”. André Ventura afirmou que a posição de Eduardo Cabrita é “cada vez mais insustentável” e que este tema está a passar para a sociedade uma “terrível imagem de impunidade por parte dos governantes e agentes do Estado”. O líder do Chega apontou as “muitas e diversas as trapalhadas e imprudências do Ministro da Administração Interna” e referiu que agora o “único e último responsável” é o primeiro-ministro.

Acidente na A6. Sem câmaras no local, Brisa já terá concluído que trabalhos estavam sinalizados, o que contraria Cabrita

Nas perguntas enviadas ao Governo, o partido pretende perceber se o carro em que seguia Cabrita viajava a uma “velocidade superior a 200km/h”, se “estava ou não sinalizado o espaço em obras” e se o “veículo seguia em marcha de urgência ou marcha normal”.

No dia 18 de junho, o Ministério da Administração Interna (MAI) informou que o carro em que seguia o ministro sofrera um acidente de viação que provocou a morte de um homem de 43 anos que realizava trabalhos de manutenção na berma direita da A6, na zona de Évora.

No dia seguinte, o MAI esclareceu, em comunicado, que não existia sinalização para alertar os condutores dos “trabalhos de limpeza em curso” na A6 quando a viatura do ministro atropelou mortalmente um trabalhador que atravessava a faixa de rodagem.

No entanto, na terça-feira, fonte da Brisa afirmou, em declarações à agência Lusa, que “a sinalização dos trabalhos de limpeza realizados na berma direita da A6 estava a ser cumprida pela ArquiJardim”, contrariando assim as explicações do MAI.

Além dos comunicados oficiais da tutela, Eduardo Cabrita não teceu mais comentários acerca do acidente, que tem motivado críticas da oposição e pedidos de explicação.