Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto vão construir um micro refrigerador “verde” que, tendo por base o princípio da refrigeração magnética, poderá ajudar a obter resultados “mais rápidos e eficientes” nos testes de deteção de doenças.

Em comunicado, a FCUP revela nesta quarta-feira que o projeto pretende usar “o princípio da refrigeração magnética” para construir um protótipo à micro e nano escala de um refrigerador “verde”. “Atualmente só existem em Portugal modelos à macroescala, inicialmente a pensar numa futura substituição dos frigoríficos”, salienta.

O projeto, financiado ao abrigo do Fundo de Relações Bilaterais do EEA Grants (mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu) e desenvolvido em conjunto com investigadores do Institute for Energy Technology (na Noruega), pretende provar “ser possível, mais rapidamente, ajudar a dar resposta à deteção de doenças”.

Citado no documento, João Horta Belo, investigador do Instituto de Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica da Universidade do Porto e líder do projeto, explica que o protótipo vai consistir “numa placa de acrílico com um pequeno canal por onde vai passar um fluido composto por nanopartículas imersas em líquido”.

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“Numa ponta vamos ter o que queremos arrefecer, como um microchip de um computador, por exemplo, e do outro lado, há uma ponta fria para onde é transportado o calor que vai ser arrefecido. Com as nanopartículas imersas no líquido as trocas de calor vão ser muito mais rápidas”, refere.

Estas nanopartículas são provenientes de materiais inteligentes, tendo a capacidade de “alterar o seu volume conforme a temperatura, campo magnético e pressão” e podendo ser, por exemplo, ligas metálicas constituídas por três elementos (terra rara, silício e germânio).

Uma vez provada esta rapidez, o investigador acredita que o protótipo poderá “ajudar a que os testes de deteção de doenças, que utilizam amostras biológicas, possam dar resultados mais rápidos e de forma mais eficiente”. “Geralmente estes testes têm de passar por ciclos de diferentes temperaturas, aquecendo ou arrefecendo, e esta poderia ser uma das aplicações da refrigeração magnética à microescala”, acrescenta. Os investigadores vão por isso testar se à micro e nano escala a refrigeração magnética tem a mesma eficiência dos modelos já existentes à macroescala.

Além do protótipo, o projeto visa também promover a cooperação entre os dois grupos de investigação, nomeadamente, através do intercâmbio de estudantes e investigadores, da aplicação a fundos de investigação e da disseminação da importância das tecnologias de refrigeração no âmbito das novas políticas ambientais.

Com uma duração de um ano e meio, o projeto tem um orçamento de 13.750 euros.