Os chefes de governo dos quatro países do Grupo de Visegrado (V4) evitaram referir as divergências com a União Europeia e outros parceiros comunitários na cimeira realizada esta quarta-feira na Polónia, na qual reiteraram o apoio à oposição democrática bielorrussa.
O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, anfitrião dos homólogos da Hungria, Viktor Orbán, República Checa, Andrej Babis, e da Eslováquia, Eduard Heger, elogiou a assistência mútua durante a pandemia e destacou a cooperação política entre os quatro países no final do turno da presidência anual exercida por Varsóvia.
A reunião realizou-se em Katowice, no sul da Polónia, e Morawiecki relembrou à imprensa o lema “de volta aos trilhos” da presidência polaca do grupo, marcada pelos desafios colocados pela crise derivada da pandemia e, durante o ano passado, o estabelecimento de uma frente comum contra a UE, que negociava na altura o orçamento plurianual para 2021-2027.
Morawiecki destacou a solidariedade dos quatro países para com os cidadãos bielorrussos perseguidos pelo regime de Alexander Lukashenko como uma das notas distintivas da sua presidência, e recordou a criação de um fundo de ajuda económica de 100 milhões de euros que será ativado quando foram realizadas eleições democráticas na Bielorrússia.
Ao contrário do que aconteceu em ocasiões anteriores, não houve qualquer declaração sobre as disputas dos integrantes do grupo, especialmente a Polónia e a Hungria, com a União Europeia. Em março, o V4 reclamou a Bruxelas que adaptasse as exigências de limitação das emissões poluentes às circunstâncias de cada país e pediu tratamento igual sobre o acesso e uso da energia nuclear.
O governo polaco e o governo húngaro são objeto de duras críticas por parte das instituições europeias pelas políticas homofóbicas, polémicas reformas judiciais e cortes nos direitos civis das mulheres. Por outro lado, a Polónia e a República Checa mantêm um contencioso acerca da central energética de Turow, perto da fronteira entre os dois países, já que Praga acusa Varsóvia de estender ilegalmente o período de exploração dessa mina de carvão a céu aberto, a qual culpa por problemas de contaminação ambiental.
Como um gesto simbólico no final dos atos oficiais, Morawiecki presenteou Orbán com uma braçadeira de capitão, já que a partir de 1 de julho a Hungria vai suceder à Polónia na presidência do Grupo de Visegrado.