“Quatro Dias a Teu Lado”

Glenn Close é uma divorciada a braços, relutantemente, com a filha viciada em heroína (Mila Kunis), que regressa a casa após ter andado desaparecida, para tentar desintoxicar-se uma última vez. Só que elas têm que esperar quatro dias até ao início do tratamento, e a mãe está rasgada entre a esperança que esta vez seja a boa, e o medo que a filha não se controle, reincida e volte a sumir. Realizado por Rodrigo García e baseado numa história real contada no “Washington Post” pelo jornalista Eli Saslow (que também assina o argumento com García), “Quatro Dias a Teu Lado”, mesmo seguindo à risca o caderno de encargos deste subgénero, está uns furos acima do “detox movie” médio, por fintar quer a histeria melodramática, quer a condescendência piedosa, cultivando um realismo sério e verosímil. Close e Kunis estão adequadamente sóbrias e credíveis.

“First Cow — A Primeira Vaca da América”

Kelly Reichardt, autora de “Wendy e Lucy” (2008), um dos melhores filmes já feitos sobre pessoas e cães, leva-nos ao Omaha de 1820, onde um cozinheiro itinerante e um emigrante chinês sonham em ficar ricos e abrir um hotel no Leste. Por isso, começam a cozinhar e vender, com grande sucesso, uns bolos feitos com o leite da única vaca existente na região, vinda de Inglaterra, que pertence ao mais importante comerciante local e que eles mungem às escondidas. A história de “First Cow — A Primeira Vaca da América” é uma anedotazinha excêntrica em ambiente de “western” que caberia bem numa curta-metragem, mas que a realizadora faz durar duas horas e filma devagar, devagarinho. Reichardt devia regressar aos filmes com cães, porque o gado vacum não lhe é claramente propício. “First Cow — A Primeira Vaca da América” fica como uma das estopadas do ano.

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“Stardust — O Nascer de uma Estrela”

Apesar do acesso às canções de David Bowie lhe ter sido negado pelos herdeiros do músico, Gabriel Range filma aqui a  a primeira viagem que ele fez os EUA em 1971, para se dar a conhecer ao público, às rádios e aos jornalistas locais após ter lançado o seu terceiro álbum, “The Man Who Sold the World” (1970) e durante a qual conceberia a personagem de Ziggy Stardust. Na altura, a carreira de Bowie em inglaterra estava encravada, e o autor de “Heroes” ambicionava lançar-se no mercado americano para lhe dar um novo alento. Bowie é interpretado pelo músico Johnny Flynn. “Stardust — O Nascer de uma Estrela” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.