Pelo segundo dia consecutivo, as autoridades de saúde em Portugal detetaram quase 2.500 casos de Covid-19 em apenas 24 horas — algo que não acontecia há quase cinco meses (desde os dias 12 e 13 de fevereiro). E pelo terceiro dia consecutivo foram identificados em Portugal mais de 2.000 casos de infeção em 24 horas, o que não acontecia desde a segunda semana de fevereiro (8 a 14).

As informações constam de mais um boletim diário relativo à evolução da pandemia no país, acabado de divulgar pela Direção Geral da Saúde.

O país está cada vez mais no canto vermelho da matriz de risco utilizada pelo Governo, que relaciona a prevalência do vírus na população (número de novos contágios por cada 100 mil habitantes) com o índice de transmissibilidade (o número de pessoas que cada infetado em média contagia). A imagem divulgada pela própria DGS, no boletim tornado público esta sexta-feira, assim o atesta:

Portugal está assim na matriz de risco utilizada pelo Governo

Os dados exatos: 2.436 casos, 7 mortes, R(t) a 1,16 e incidência a 189,4

Em números exatos, nas últimas 24 horas foram identificados em Portugal mais 2.436 casos de Covid-19. Há ainda registo de mais 7 mortes.

No mesmo dia da última semana (sexta-feira, 25 de junho), o boletim da DGS reportava 1.604 novos casos de infeção identificados nas 24 horas anteriores. Há assim mais de 800 casos a mais do que no mesmo dia da semana passada.

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O índice de transmissibilidade — o chamado R(t) — também se alterou: era de 1,14 a nível nacional e 1,15 em Portugal continental, é agora de 1,16 no país e 1,17 no continente.

Já a incidência, que enquadra o número de novos casos com a dimensão da população portuguesa, aumentou muito significativamente. Portugal estava com 172,8 novos casos por cada 100 mil habitantes, agora está com 189,4 novos casos por cada 100 mil habitantes.

Na região continental, fruto dos índices de contágio mais elevados na região de Lisboa e Vale do Tejo, Portugal estava com 176,9 novos casos por cada 100 mil habitantes — agora está com 194,2 novos casos por cada 100 mil habitantes no continente, aproximando-se dos 200 casos por cada 100 mil habitantes.

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Lisboa e Vale do Tejo com mais de 1.300 casos em 24 horas

A região de Lisboa e Vale do Tejo continua a ser aquela em que se registam mais novos casos de infeção. Só nas últimas 24 horas (de esta quinta-feira), foram identificados 1.371 novos casos apenas nesta região do país.

A segunda divisão territorial com mais novos casos, a região Norte, tem consideravelmente menos de metade dos novos casos de Lisboa e Vale do Tejo: 553. Está, ainda assim, em franco crescimento. Tal como a região do Algarve, onde foram identificados mais de 200 (213) novos casos de infeção.

Na região Centro há registo de mais 178 infeções e no Alentejo de mais 92. Açores e Madeira reportam, respetivamente, mais 16 e mais 13 casos.

Em 24 horas, entre entradas e saídas, mais 23 pessoas nos hospitais

Também a ocupação hospitalar continua a aumentar significativamente em Portugal, fruto do aumento de novos casos no que os especialistas consideram já ser uma quarta vaga de infeções.

Às 0h de esta quinta-feira, estavam hospitalizadas em Portugal com Covid-19 509 pessoas — passadas 24 horas, o número subiu para 532 pessoas em hospitais. Ou seja, entre entradas e saídas, os hospitais ficaram com mais 23 doentes hospitalizados em apenas 24 horas.

As unidades de cuidados intensivos, dedicadas ao tratamento de casos mais graves de doença, estavam por sua vez às 0h de esta sexta-feira com 118 doentes. Entre entradas e saídas, há um aumento de 5 pacientes em UCI, que contrasta com a redução (de sete pacientes) do dia anterior.

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Há 3 meses que hospitais não tinham tantos doentes Covid

O número de novos casos de infeção em Portugal aproxima-se agora, como já referido, do número de novos casos verificado em meados de fevereiro, quando Portugal recuperava ainda de uma vaga de infeções exponencial verificada em dezembro e janeiro.

O país só deixaria de estar em estado de emergência mais de dois meses depois, a 27 de abril.

Se o número de novos casos se aproxima do que se verificava em meados de fevereiro, o número de mortes é agora muito inferior (a meio desse mês reportavam-se ainda perto de 100 mortes diárias por Covid-19) e o número de internados é também significativamente inferior: os hospitais portugueses tratavam na altura de perto de 4.000 doentes com Covid-19 (mais de sete vez o que agora se verifica).

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O facto de ao número de novos casos de infeção não corresponder um número de doentes internados e de óbitos equivalente ao de fevereiro resultará de a população portuguesa mais frágil — de idade mais avançada — estar já mais protegida pela vacinação.

Ainda assim, há três meses (desde 5 de abril) que os hospitais portugueses não tinham internados tantos doentes com Covid-19.