O tribunal militar de Bata, capital económica da Guiné Equatorial, condenou dois militares a 35 e 50 anos de prisão por negligência no caso das explosões que fizeram 107 mortos e 615 feridos em março último, anunciou a radiotelevisão estatal.

Segundo a TVGE, o tribunal condenou, sexta-feira, o tenente-coronel Valentin Nzang Ega a 35 anos de prisão e o cabo José Antonio Obama Nsue a 50 anos de prisão.

No passado dia 07 de março, pelo menos três explosões arrasaram o campo de Nkoa-Toma, em Bata, e vários bairros residenciais da zona depois de um incêndio provocado por uma queimada mal conduzida ter atingido o arsenal militar.

Nzang Ega, comandante do campo militar que abrigava forças especiais e militares, bem como as suas famílias, e o soldado Obama Nsue foram considerados culpados pelo tribunal militar que os julgou à porta fechada pelos crimes de “homicídio, danos, incêndio, negligência, imprudência punível por ter provocado mortes”.

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O procurador militar tinha pedido 70 anos de prisão para o cabo e 30 anos para o tenente-coronel.

Os dois foram ainda condenados a pagar 10 milhões de francos CFA (cerca de 15.000 euros) a cada família das vítimas. As sentenças dos tribunais militares não são suscetíveis de recurso.

O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, anunciou, alguns dias após a tragédia, a abertura de um inquérito e acusou os responsáveis do campo militar de “negligência”, mas nada transpareceu nem do inquérito nem sobre os factos imputados aos dois condenados.

As três fortes explosões, espaçadas em vários minutos, arrasaram os edifícios do campo e numerosas casas dos bairros vizinhos.

Na cidade de Bata residem cerca de 800.000 dos cerca de 1,4 milhões de habitantes da província do litoral, rica em petróleo e gás, mas com a maioria da população a viver em situação de pobreza.