O Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, ordenou a libertação dos jovens detidos por terem apelado ou participado em manifestações, no âmbito do movimento de protesto Hirak, de acordo com um comunicado do Ministério da Justiça emitido hoje. Esta medida de clemência é habitual todos os anos, na véspera do aniversário da independência da Argélia (5 de julho de 1962).

“Por ocasião do 59º aniversário do Dia da Independência e da Juventude (…), o Presidente da República, Abdelmadjid Tebboune, decretou medidas de libertação em benefício dos jovens perseguidos e detidos por terem cometido atos relacionados com assembleias e outros atos afins”, lê-se no comunicado. Dezoito presos foram libertados hoje à noite e “a operação continua para os outros”, adianta do Governo, divulgada pela agência oficial APS. O Ministério da Justiça não especificou o número de prisioneiros envolvidos.

Mais de 300 pessoas estão atualmente na prisão por ligação ao Hirak e/ou liberdades individuais, de acordo com o Comité Nacional para a Libertação de Detidos (CNLD), uma associação de apoio aos presos. A maioria deles são jovens presos nas semanas que antecederam as eleições legislativas de 12 de junho no país.

Determinado a desmantelar o Hirak, o governo proibiu de facto as manifestações e aumentou o número de detenções e processos judiciais contra ativistas, bem como opositores políticos, académicos e jornalistas. Mais de 80 ONG argelinas e internacionais apelaram recentemente ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU sobre a “escalada repressiva” das autoridades argelinas e a “criminalização implacável das liberdades fundamentais” na Argélia.

Nascido em fevereiro de 2019, na sequência de uma rejeição popular relativamente a um quinto mandato presidencial de Abdelaziz Bouteflika, o anterior Presidente da Argélia, o Hirak – um movimento pacífico sem verdadeira liderança – exige uma mudança radical no sistema de governação em vigor desde a independência do país. Mas até agora, em vão.

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