Dezasseis anos depois de entrar na liga, Chris Paul chega às finais da NBA. Além da demora, foram muitas as desilusões ao longo dos anos, as derrotas e algumas lesões que foram deixando o jogador para trás. Agora, até quando nem muito o fazia prever, Paul e os Phoenix Suns vão defrontar os Milwaukee Bucks para decidir tudo.

Com 36 anos, Chris Paul tem certamente já uma placa guardada com o seu nome no Hall of Fame da NBA. Foi rookie do ano em 2006, participou 11 vezes no jogo All Star, foi quatro vezes o rei das assistências, seis de roubos de bola, nove vezes na melhor equipa defensiva e ficou dez anos nas escolhas para os melhores do ano.

Nunca foi MVP da liga, apesar de alguma imprensa especializada norte-americana achar que merecia uns votos este ano (o vencedor foi o sérvio Nikola Jokic), e nunca tinha chegado aos jogos mais decisivos do ano. Mas o afinco e a qualidade demonstrados dentro do campo durante mais de década e meia fazem com que esta presença apenas engrandeça o currículo. Ou seja, se ganhar o coloca noutro patamar, perder não vai roubar-lhe tudo o que ganhou até agora. É um prémio, ganho com todo o mérito, e já merecido há alguns anos.

Assim, Paul leva os Suns às finais pela primeira vez desde 1993 – na altura ganhou então um tal de Michael Jordan –, depois de uma época em que a equipa de Phoenix conseguiu o segundo melhor registo da fase regular da NBA. E para isto muito contou o facto de a equipa do Arizona, que tem sido uma das piores e mais gozadas equipas na última década, ter feito um tremendo final de temporada 2019/2020 na “bolha” que a liga montou na Disney de Orlando, onde as equipas terminaram a época. Na altura foram oito vitórias e zero derrotas, não conseguindo, mesmo assim, a qualificação para a fase a eliminar. Este ano, lá marcaram presença, eliminando inclusivamente na primeira ronda os campeões em título Lakers, de LeBron James.

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A contratação de Chris Paul (conhecido como CP3) deve-se também muito à presença do treinador Monty Williams, visto que ambos trabalharam juntos em New Orleans há cerca de uma década. Conhecem-se bem, não só dentro, mas também fora dos pavilhões. Pelos piores motivos, Williams esteve fora dos bancos durante mais de dois anos, devido à morte da mulher num acidente de viação, em 2016. “O Chris significa tanto para a minha carreira e para a minha vida. No momento mais negro da minha vida, esteve lá. E agora, num dos momentos mais altos da minha vida, ele também está”, referiu Monty Williams.

“Monty passou por coisas na vida de que muitas pessoas não recuperam. A sua resiliência mental, quem ele é como pessoa, fora do basquetebol, significa muito para mim e para a minha família”, disse, por sua vez, Chris Paul, que foi a cereja no topo do bolo para Williams, que já tinha na sua equipa jogadores experientes e seguros, como Jae Crowder, promissores como Ayton e Bridges, ou à procura de ser uma super estrela, como Devin Booker.

Quando os Suns “despacharam” de vez os favoritos Clippers, onde Paul já jogou, nas finais de Conferência (meias-finais da NBA), a conversa e o abraço entre os dois revelou uma cumplicidade enternecedora, mas também um pouco da personalidade de ambos. Monty Williams a tentar liderar tranquilamente e Chris Paul, sempre intenso, a não deixar a competitividade cair, mesmo quando a vitória e a ida às finais estavam garantidas.

– Chris, vais às finais!
– Estou a tentar acalmar-me, treinador…
– Não tens de te acalmar!

A carreira e a tenacidade de CP3 são inspiradoras, mas do outro lado estará uma equipa que, apesar de já não chegar à final da competição desde os anos 70, quer concretizar algum favoritismo teórico que vai tendo nos últimos anos. Isto, claro, muito à conta de um homem: Giannis Antetokounmpo.

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Aos 26 anos, o jogador grego conta já com dois MVP na vitrina, mas em nenhuma dessas épocas conseguiu efetivar em termos coletivos a sua força individual dentro de campo. Este ano, os Bucks encontraram o maior obstáculo na segunda ronda, frente aos Brooklyn Nets de Durant, Irving e Harden, se bem que apenas o primeiro esteve completamente apto fisicamente.

No entanto, é ainda uma grande dúvida saber se Giannis vai jogar nas finais, ou quando. É que nas finais de Conferência, frente aos Atlanta Hawks, o grego sofreu uma lesão do joelho. Quando os Bucks podiam abanar pela terceira época consecutiva, a restante equipa disse presente e venceu sem Giannis os últimos dois jogos, carimbando o bilhete para a final.

Na estreia deste “matchup” em finais, resta agora saber se Giannis marcará presença ou não, e em que jogos, se for o caso. Isto porque, com o jogo dos Suns a não fugir muito do que tem sido, o de Milwaukee poderá ser muito diferente caso a sua estrela entre em campo. De qualquer forma, os Bucks vão precisar da sua boa defesa para negar uma possível apoteótica festa a Chris Paul.