Para vacinar os mais vulneráveis, muitos dos quais vivem “à margem da sociedade”, Roma abriu um centro de vacinação que trabalha durante a noite e que só neste fim de semana terá vacinado mais de 900 pessoas, desde sem-abrigo até imigrantes sem documentos. Uma reportagem do The New York Times conta como as pessoas são atraídas com música, café gratuito e cornetti (um bolo parecido com croissants, tradicionais em Itália) – e a vacina da Johnson&Johnson, de toma única, é a melhor aposta para vacinar estas pessoas que podem ser difíceis de contactar ou chamar para uma segunda dose.

Para a reportagem do NYT falou uma mulher polaca de 65 anos que vive em Roma há 25 mas quase sempre sem casa. Não está registada no serviço nacional de saúde italiano nem tem morada fiscal ou número de segurança social. Estava, por isso, fora do alcance da campanha nacional de vacinação – mas, como toda a gente, está sujeita não só a ficar doente com Covid-19 como a contribuir para a propagação do novo coronavírus. Estima-se que haja pelo menos 700 mil pessoas em Itália que estão nesta situação.

O centro de vacinação foi montado num dos hospitais mais antigos da Europa, o Santo Spirito, construído no século XII e, por isso, com uma longa história de envolvimento em epidemias e pestes. Foi lá que um músico de jazz esteve a tocar durante a noite, ajudando a aliviar a tensão que se poderia criar no local. À medida que o sol raiou, café e bolinhos.

“É uma iniciativa virada para as pessoas que vivem à margem da sociedade, os mais vulneráveis”, explicou Angelo Tanese, diretor-geral da maior unidade de saúde de Roma. Já o presidente de uma associação de ajuda aos sem-abrigo, a Avvocato di Strada, lembra que “hoje temos a Covid, mas ontem tínhamos a tuberculose. As doenças infeciosas sempre existiram e se não ajudarmos estas pessoas”, então a saúde pública estará em risco.

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