A Assembleia Municipal do Porto aprovou esta terça-feira uma moção para insistir por uma “resposta urgente” do Governo no âmbito da economia e trabalho, discussão que gerou controvérsia e levou os partidos a mostrarem distintas visões para o futuro.

A sessão extraordinária da Assembleia Municipal do Porto, que decorreu segunda-feira, foi solicitada pelo grupo municipal do BE para discutir a economia local e o trabalho. A moção do BE, votada por pontos a pedido de alguns grupos municipais, visa insistir numa “resposta urgente” do Governo, entre as quais, na alteração da legislação de modo a “permitir às autarquias a criação de respostas públicas como creches, infantários e ATLs para o apoio às famílias”.

Abrindo a sessão, a deputada Susana Constante Pereira, do BE, afirmou que as forças políticas deveriam debater em torno destas temáticas, considerando que “afinal é da vida das pessoas que se trata, de quem vive e trabalha no Porto“.

Defendendo que “não é possível dissociar a economia local da economia nacional ou europeia”, o deputado socialista Rui Lage afirmou que na cidade “o modelo turístico chegou ao seu limite“.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Esta terça-feira, convém ao Porto encontrar um novo modelo de desenvolvimento económico que aposte em empregos sólidos, faça o combate à precariedade e acompanhe as mutações no mundo do trabalho”, afirmou, defendendo que o “novo caminho” assenta na aposta na “economia do conhecimento, desenvolvimento, inovação e circular“.

Já o social-democrata Alberto Machado criticou o BE por “tentar transformar o debate numa misturada de assuntos”, considerando que as propostas apresentadas foram “pouco objetivas e transparentes”. Quanto à economia e trabalho, o deputado do PSD considerou que ao longo dos últimos anos, o modelo de cidade transformou o Porto “numa economia centrada no turismo” e que os apoios durante a pandemia por parte da autarquia “ficaram muito aquém”.

Também o deputado Nuno Caiano, do grupo municipal Rui Moreira: Porto, O Nosso Partido considerou que se “perdeu uma grande oportunidade” de debate e que o mesmo foi “uma baralhação“. O deputado André Noronha, também do grupo independente, afirmou ainda que pela “confusão temática, a sessão redundou num enorme fracasso”.

“Ninguém entendeu o que o BE pretendeu. Uns falaram da dimensão nacional, outros da dimensão europeia, outros não falaram de nada e o BE falou de tudo”, disse, defendendo que apesar da entrada “em ritmo de campanha” é necessário “manter seriedade política nas matérias”.

A deputada Joana Rodrigues, da CDU, defendeu também não ser possível falar do Porto “sem se falar da realidade nacional, das consequências que políticas nacionais gravosas tiveram” e de “outros vírus que estão a ser aproveitados no país”.

Enumerando situações de alguns trabalhadores como os do Banco Santander, da Altice, da Petrogal, da Casa da Música, das cantinas e da Fundação de Serralves, a deputada afirmou que “a precariedade é uma praga que se alastra e contagia”, defendendo ser necessário “por fim a esta realidade”. Também a deputada Bebiana Cunha, do PAN, defendeu que “a visão expansionista não será capaz de tirar o Porto de onde está” e que são precisos na cidade planos estratégicos que não dependam “totalmente do turismo e das exportações“.  “Acreditar que a solução da cidade para todos os males está resolvida com uma visão expansionista é errado”, considerou.

A substituir o presidente da Câmara do Porto, esteve o vice-presidente Filipe Araújo que afirmou que o “segredo dos últimos anos” foi apostar numa cidade atrativa e competitiva, defendendo que “não só o turismo foi importante, como também outras atividades”.

“Temos de ser um Porto atrativo, competitivo, que dinamiza o aparecimento de startups e forte economicamente porque só assim é que vamos gerar emprego”, afirmou.  A par da moção, o BE apresentou ainda duas recomendações à Câmara do Porto, à semelhança da CDU, que apresentou uma proposta de recomendação à autarquia. Os três documentos foram votados por pontos.