A primeira final foi na década de 70, contra uns Boston Celtics que não tinham já a geração que lhes permitiu ganhar 11 títulos em 13 anos entre os anos 50 e 60 mas que mostravam argumentos para não falharem na hora da verdade. Alvan Adams, Paul Westphal ou Gar Heard nada puderam fazer em 1976. A segunda final foi na década de 90, contra uns Chicago Bulls de Michael Jordan e companhia que procuravam o terceiro título seguido após superarem a barreira da Conferência Este. Charles Barkley, Kevin Johnson ou Dan Majerle nada puderam fazer em 1993. Os Phoenix Suns estão agora pela terceira vez na decisão da NBA. Mas tudo podia ser diferente.

Chegaram as finais da NBA: Chris Paul procura primeiro título com Giannis à espreita

A equipa do Arizona é uma das franquias que procura ainda o seu primeiro título de campeão mas podia nesta altura ter um currículo completamente diferente se não fosse uma moeda ao ar. Isso mesmo, uma moeda ao ar. E a “culpa” é dos Milwaukee Bucks, vencedores da Conferência Este que procuram voltar a ganhar 50 anos depois.

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Ao longo de quase duas décadas, entre 1947 e 1965, o draft funcionava de forma linear: agarrava-se naquela que tinha sido a classificação da época anterior, virava-se ao contrário, o pior tinha direito à primeira escolha, o segundo pior era o segundo a escolher e por aí adiante. A lógica era simples e passava por dar o máximo de competitividade possível à prova evitando uma grande diferença entre as equipas. E tinha ainda uma outra nuance, que dizia respeito à escolha territorial que promovia as escolhas de jogadores que estivessem a estudar em faculdades que ficassem mais próximas da cidade da equipa, respeitando uma espécie de área de influência.

Em 1966, a organização decidiu introduzir uma mudança. Pequena, ou relativamente pequena, mas capaz de alterar aquilo que seria a história do jogo: mantendo a mesma base, passou a haver um sorteio entre as equipas que ficavam no último lugar da Conferência Este e Oeste, qualquer que fosse o saldo final de vitórias e derrotas no final da temporada e mesmo que uma das conferências tivesse dois ou mais conjuntos com pior registo do que o da outra conferência. Foi assim que Cazzie Russell chegou aos New York Knicks em 1966, foi assim que Jimmy Walker chegou aos Detroit Pistons em 1967, foi assim que Elvin Hayes chegou aos San Diego Rockets em 1968. No ano seguinte, a moeda ao ar voltou a inverter a ordem natural. E mudou o percurso da NBA.

Apesar de terem muito pior registo do que os Milwaukee Bucks, os Phoenix Suns perderam no jogo da moeda ao ar e viram o adversário ficar com caminho aberto para escolher como número 1 do draft de 1969 Lewis Alcindor, ou Lew Alcindor, que na altura já se tinha convertido ao islamismo mas não usava em termos públicos o nome pelo qual hoje é mais reconhecido: Kareem Abdul-Jabbar. O poste, que foi um dos melhores jogadores de sempre do jogo e mantém o registo de melhor marcador da NBA, levou a equipa de Wisconsin ao primeiro e único título em 1971 e ainda a mais uma final em 1974, antes de ser trocado para os Lakers numa das piores movimentações entre equipas que iria estender a passadeira ao Showtime e aos cinco títulos entre 1980 e 1988.

Já os Phoenix Suns, não podendo garantir o poste que viria a tornar-se uma das figuras mais icónicas da NBA e do desporto norte-americano não apenas pelo que fazia nos pavilhões mas pelo papel de peso que foi ganhando na sociedade, apostaram em Neal Walk, da Universidade da Flórida. A aposta saiu completamente ao lado e, já depois de passagens por New Orleans Jazz e New York Knicks, acabou a carreira na Europa, com uma época em Veneza e três em Israel, no Hapoel Ramat Gan. Agora, pouco mais de 50 anos depois desse draft que podia ter mudado a história da NBA e dos Suns, o objetivo de Chris Paul e companhia é lançar a sua moeda ao ar e desta vez ganhar, em campo, tornando-se a 21.ª franquia a ganhar o título e igualando… os Milwaukee Bucks. E o primeiro encontro da mais inesperada final dos últimos tempos arranca já esta madrugada no Arizona (2h).